terça-feira, 29 de junho de 2010

A Farra do Mundo é Nossa: Senado antecipa a comemoração e faz a festa de seus servidores e nomeados

Em meio a euforia da “pátria de chuteiras”, nosso Senado demonstra mais uma vez seu compromisso verde-e-amarelo: sem alarde, na ansiedade do hexa, nossos senadores aprovaram o plano de cargos e salários dos servidores do Senado.

Esse plano com reajuste em média de 25% dos salários, representará um gasto extra de R$ 217 milhões no segundo semestre e de R$ 464 milhões no ano que vem. Segundo o Diretor-Geral do Senado, Haroldo Tajra, o impacto em 2010 será da ordem de 10,13% na folha de pagamento. "Mas acaba dando impacto de 17% cumulativo, o que vai totalizar para o ano que vem R$ 464 milhões.", entrega logo a seguir. Com o reajuste, alguns salários irão ultrapassar R$ 26.000,00.

Que maravilha viver no país pentacampeão do mundo, não?



DA VERGONHA À REVOLTA

Até quando nós, cidadãos brasileiros, iremos aceitar passivamente a verdadeira orgia com o dinheiro público por parte de nossos representantes? É inaceitável, é vergonhoso, é absurdo! A manutenção de privilégios e mordomias a custa do sacrificado contribuinte.

Suportamos uma carga tributária que beira 40% do PIB (e nosso presidente acha pouco), sem receber em contrapartida sequer 5% de retorno correspondente em serviços públicos. Por isso, somos obrigados a manter planos de saúde, escolas particulares e outros gastos familiares, simplesmente porque a máquina pública (executivo, legislativo e judiciário), insiste em manter a pompa e os privilégios dos cargos, além da remuneração desigual.

Conviver com uma realidade institucional de frotas de carros oficiais, dezenas de assessores, verbas de representação, verbas de gabinete, viagens, além dos incontáveis benefícios funcionais (férias de 60 dias, por exemplo, além de gratificações incorporadas, licenças prêmios, aposentadorias especiais, etc), é uma afronta ao cidadão brasileiro que trabalha e produz nesse país.

O abismo que separa as condições de trabalho e os “direitos” funcionais do setor público e do setor privado, é cada vez maior. E não é o funcionário público comum que desfruta disso. São os ocupantes de cargos de confiança, os políticos e as “autoridades” de plantão que sangram o país.

Como justificar que o orçamento de nosso Congresso seja maior do que o orçamento de oito Estados. O Congresso nenhuma riqueza produz, aliás, sequer cumpre a sua finalidade institucional. Estudo do Portal Transparência Brasil, mostra que o Congresso brasileiro é o que mais pesa no bolso da população na comparação com os Parlamentos de diversos países.

Uma república implica acima de tudo, valores republicanos, dentre os quais se destaca a austeridade no trato com a coisa pública. Mas aqui no Brasil, mantivemos os inaceitáveis privilégios herdados da monarquia e construímos uma ordem institucional apenas formalmente republicana. O título pessoal, o abuso de autoridade, a pompa e o cerimonial do cargo, o uso pessoal da coisa pública, o tráfico de influência, todos são práticas recorrentes e tumores difíceis de extirpar.

Mas não só nossos políticos estão mergulhados nessa cultura de fazer uso da coisa pública, também nossos magistrados, autoridades de todo tipo e até mesmo, por incrível que pareça, o nosso povo, que aceita passivamente esse rescaldo cultural, através de generalizações que a todos redime do tipo: “todo mundo rouba mesmo!”, “nesse país só tem ladrão!”, “tem que entrar no esquema...”. Por isso, é preciso fundar uma nova cultura republicana, fundamentalmente democrática no Brasil e, isso, só conseguiremos através da educação de nossas crianças.
Oscarino Arantes


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".


(Rui Barbosa)





















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