quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Comissão palestina aponta Israel como "principal e único suspeito" da morte de Yasser Arafat


Forma como líder palestino teria sido envenenado com polônio ainda não foi descoberta 

Israel é o "principal e único suspeito do assassinato" do líder palestino Yasser Arafat, afirmou nesta sexta-feira (08/11) o presidente da comissão de investigação palestina, Tawfiq Tirawi, em entrevista coletiva realizada em Ramallah, na Cisjordânia.

"Os relatórios de Rússia e Suíça confirmam as conclusões da investigação em curso (...) Arafat não morreu de causas naturais nem por doença, o polônio foi o causador", disse o dirigente.

Corpo de Arafat tinha nível de polônio 18 vezes maior que o normal

Estes relatórios foram realizados a partir de amostras biológicas recolhidas no dia 27 de novembro de 2012 dos restos mortais de Arafat. Segundo o chefe da equipe médica da comissão de investigação, Abdullah al Bashir, a causa da morte foi envenenamento.

Os testes forenses realizados no corpo exumado da vítima indicaram que o nível de polônio, substância rara e letal em seus ossos e pélvis era ao menos 18 vezes maior que o normal.

Além de acusar Israel, a comissão oficial palestina que investiga as causas da morte do histórico líder palestino se queixou também do procedimento seguido após o falecimento do dirigente em Paris.

O funcionário, também membro do Comitê Executivo do movimento Fatah, afirmou, no entanto, a forma como o envenenamento ocorreu ainda é objeto de investigação. "A instrumentalização resta um grande mistério", afirmou.

Suha Arafat, a viúva, afirmou à rede de TV Al Jazeera, na ocasião da divulgação do relatório, que as evidências sugerem que seu marido, que morreu em 2004, depois de quatro semanas de uma doença que se iniciou após um jantar, foi quase com certeza assassinado por envenenamento. “É o crime do século”, afirmou.

Na quinta-feira, ex-assessores ligados a Ariel Sharon, então primeiro-ministro israelense na ocasião da morte de Arafat, afirmaram que Israel não tinha interesse na morte do dirigente palestino.

Fonte: Opera Mundi

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OS MERCADORES DE ILUSÃO


Lula e Eike Batista nasceram um para o outro: os dois são vendedores de nuvens 

Por Augusto Nunes


Nenhuma farsa dura para sempre, avisou em 23 de abril o post abaixo reproduzido, inspirado nas semelhanças que transformaram Eike Batista e Lula numa dupla muito afinada. Nesta quarta-feira, o império imaginário de Eike sucumbiu ao peso de uma dívida sem garantias que soma U$ 5,1 bilhões. “Pedido de recuperação judicial”, como o formulado pela petroleira OGX, é o nome do velho e inconfundível calote quando praticado por gente fina.

A tapeação chegou ao fim. O candidato a empresário mais rico do mundo faliu. O ex-presidente continua empinando seus malabares. Mas está condenado a descobrir, não importa quando, que acabou a freguesia dos camelôs de palanque. Lula é Eike amanhã, previne o texto que se segue:

Lula é o Eike Batista da política. Eike é o Lula do empresariado. Um inventou o Brasil Maravilha. Só existe na papelada que registrou em cartório. Outro ergueu o Império do X. No caso, X é igual a nada.

O pernambucano falastrão que inaugurava uma proeza por dia se elogia de meia em meia hora por ter feito o que não fez. O mineiro gabola que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se louvou o tempo todo pelo que disse que faria e não fez.

O presidente incomparável prometeu para 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio segue dormindo no mesmo leito. O empreendedor sem similares adora gerúndios e só conjuga verbos no futuro. Estava fazendo um buquê de portos. Iria fazer coisas de que até Deus duvida. Não concluiu nem a reforma do Hotel Glória.

Lula se apresenta como o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter concluído uma única obra visível. Eike entrou e saiu do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém conseguisse enxergar a cor do dinheiro.

Lula berrou em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o país que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal agora coleciona prejuízos e o Brasil importa combustível. Eike vivia enchendo milhões de barris com o mundaréu de jazidas que continuam enterradas no fundo do Atlântico.

Político de nascença, Lula agora enriquece como camelô de empresas privadas. Filho de um empresário admirável, Eike adiou à falência graças a empréstimos fabulosos do BNDES (com juros de mãe e prestações a perder de vista), parcerias com estatais (sempre prontas para financiar aliados do PT com o dinheiro dos pagadores de impostos) e adjutórios obscenos do governo federal.

Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia nos eikes batistas. Eike só poderia ter posado de gênio dos negócios num país que acredita em lulas.

É natural que tenham viajado tantas vezes no mesmo jatinho. É natural que se tenham entendido tão bem. Nasceram um para o outro. Os dois são vendedores de nuvens. 



domingo, 24 de novembro de 2013

Inesquecível: Nessun dorma de Puccini na voz dos Três Tenores





Primeira apresentação dos "Três Tenores", Plácido Domingos, José Carreras e Luciano Pavarotti, sob a regência de Zubin Metha, realizada em 1990 nas ruínas romanas de Caracala.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Por que Kennedy ainda desponta como mito nos EUA, 50 anos depois de sua morte?


Por Dodô Calixto

A queda de um mito. Esta é uma frase clássica nos EUA para explicar como a morte de John Fitzgerald Kennedy afetou o país em 22 de novembro de 1963. “Qualquer que fosse o desastre natural”, disse o cronista Gay Talese, teria tido um efeito menos catastrófico que o assassinato do presidente. A razão? O jovem democrata, morto aos 46 anos foi responsável pelas ideias mais notórias acerca de questões sociais, econômicas e políticas no século XX na América do Norte, de acordo com historiadores e especialistas. Todavia, 50 anos depois, ainda restam controvérsias sobre o seu legado.

A discussão é que, em vez de políticas públicas, o carisma e a energia com que Kennedy apresentava suas opiniões, somados às conspirações e aos contornos dramáticos de sua morte, teriam transformado o democrata em mito – que persiste, mesmo há 50 anos do fatídico disparo em Dallas, Texas. Diversos críticos de sua gestão afirmam que o estadunidense era muito mais um personagem, inspirado em heróis do cinema, do que um governante, capaz de desenvolver soluções para a problemática da sociedade.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um espectro ronda o Brasil: o da terceirização total


Por Ricardo Antunes

Um espectro ronda o Brasil: o da terceirização total, não só das atividades-meio, como já existe, mas também das atividades-fim, como propõe o projeto de lei nº 4.330, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO).

Sua justificativa é singela: "A empresa moderna tem de concentrar-se em seu negócio principal e na melhoria da qualidade do produto ou da prestação de serviço". Mas a propositura é eivada de falácias, como vamos indicar neste espaço.

Primeira falácia: a terceirização cria empregos. Como hoje temos aproximadamente 12 milhões de terceirizados no Brasil, ela cumpriria papel de relevo na ampliação do mercado de trabalho.

Mas esse argumento omite que os terceirizados têm jornada de trabalho em média bem maior do que o conjunto dos assalariados contratados sem tempo determinado.

Assim, o que ocorre é que onde três trabalham com direitos e por tempo não determinado, aproximadamente dois terceirizados acabam por realizar o mesmo trabalho, padecendo de maior intensificação e jornadas mais longevas. Desse modo, em vez de efetivamente empregar, a terceirização desemprega.

Segunda falácia: os terceirizados percebem salários, assim devem agradecer pelo emprego que obtêm.

Mas esse argumento "esquece" que os salários dos terceirizados são bem menores do que os dos demais trabalhadores, especialmente os que estão na base da indústria e dos serviços.

O que as pesquisam mostram, quando realizadas com rigor científico, é que os terceirizados trabalham mais e recebem menos.

Terceira falácia: os terceirizados têm direitos. Esse argumento omite que é exatamente neste âmbito das relações de trabalho que a burla e a fraude se expandem como praga. E quanto mais na base da pirâmide estão os assalariados terceirizados, maiores são as subtrações.

Bastaria dizer que, na Justiça do Trabalho, há incontáveis casos de terceirizados que não conseguem nem sequer localizar a empresa contratante, que não poucas vezes desaparece sem deixar rastro.

Muitos terceirizados estão há anos sem usufruir as férias, pois a contingência e a incerteza avassalam o seu cotidiano.

E, vale lembrar, só uma minoria consegue ir à Justiça do Trabalho, pois o terceirizado não tem nem tempo nem recurso e quase sempre carece do apoio de sindicatos para fazê-lo. E sabemos que, nos serviços, setor no qual se expande celeremente a terceirização, viceja também a ampla informalidade e a alta rotatividade.

Quarta falácia: terceirizar é bom, pois "especializa" e "qualifica" a empresa. Mas seria bom explicar por que essas atividades terceirizadas são as que frequentam com mais constância as listas de acidentes de trabalho. E mais: no serviço público, elas não raro aumentam os custos, sendo fonte inimaginável de corrupção.

Bastaria lembrar as empresas terceirizadas que fazem a coleta do lixo urbano. E a brutalidade sem limites que é ver um trabalhador correr como louco atrás dos caminhões para manter as "metas" e a "produtividade" na coleta privada dos lixos nas cidades.

O essencial que o PL 4.330 tenta esconder, em meio a tantas falácias, é que a terceirização, especialmente para os "de baixo" que não dispõem do capital cultural que sobra aos estratos superiores, têm dois objetivos basais. Primeiro, reduzir salários, diminuindo direitos. Segundo, e não menos importante: fragmentar e desorganizar ainda mais a classe trabalhadora, agora convertida em classe "colaboradora".

Se aprovado esse PL 4.330, ele terá um efeito erosivo ainda maior na nossa já gigantesca falésia social.

Ricardo Antunes é professor titular de sociologia do trabalho na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da coleção Mundo do Trabalho.

Fonte: Rede Liberdade


CLIQUE E ASSINE O ABAIXO-ASSINADO ON-LINE CONTRA O PROJETO DE LEI Nº 4.330. DIGA NÃO À TERCEIRIZAÇÃO SEM LIMITES NO BRASIL.

DIGA NÃO AO PL 4330

A VOLTA DE JANGO




Por Mauro Santayana

A recepção do corpo do Presidente João Goulart, em Brasília, esta semana, com honras de chefe de Estado, é um importante passo para a consolidação e o fortalecimento da democracia em nosso país.

Ao contrário do que muitos pensam, Jango nunca foi comunista. Fiel seguidor do Presidente Getúlio Vargas, ele era, pelo contrário, filho de uma rica família de fazendeiros gaúchos, que aprendeu, com Getúlio a se preocupar com as condições de vida dos mais pobres.

Foi levado, pela história, a assumir o Brasil em um momento difícil – criado pela irresponsável renúncia do Presidente Jânio Quadros. Ele sabia que o país não iria progredir se não fizesse várias reformas que ainda hoje estão pendentes, como a própria reforma agrária.

Foram os mesmos golpistas que mataram Getúlio – levando-o a suicidar-se, com um tiro no coração, em 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete - que derrubaram Jango dez anos depois, com o Golpe Militar de 1964.

Antes, já haviam tentado impedir a eleição e o extraordinário governo de Juscelino Kubitscheck de Oliveira.   Carlos Lacerda dizia aos militares golpistas – é preciso ressalvar que muitos militares defendiam a democracia e pagaram caro por isso mais tarde – que JK não podia se eleger. Se eleito, não podia tomar posse. E se tomasse posse tinha que ser derrubado.

Se isso tivesse acontecido, não existiriam  hoje Brasília, nem as grandes rodovias, nem grandes hidroelétricas, nem a indústria automobilística, conquistas alcançadas por JK em um governo totalmente democrático, que resistiu a várias tentativas de golpe, como a “Crise de Novembro” ,  Jacareacanga e Aragarças.

Pressionado pela necessidade imperiosa de mudar o país, mas também pela constante sabotagem dos golpistas - esses dirigidos e apoiados por uma potência estrangeira, os EUA – que não aceitavam um projeto independente e soberano de desenvolvimento para o Brasil - Jango finalmente foi derrubado.

Uma frota norte-americana já se aproximava das costas brasileiras, para, se necessário, desembarcar tropas para ajudar os golpistas, caso houvesse resistência, organizada, de início, por corajosos chefes militares que depois tiveram de render-se.

Antes disso, em sua Carta Testamento – na qual denunciava as forças e interesses nacionais e internacionais que se organizavam contra o Brasil – Getúlio Vargas afirmou, dirigindo-se ao povo brasileiro:

“Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”

Esta semana, em Brasília, Jango entrou mais uma vez para a história, agora com a pompa, as circunstâncias e as honras que lhe cabem como ex-Presidente da República e um dos principais líderes de nosso país no século XX.

São Borja que nos desculpe, mas seu corpo – assim como de outros presidentes que lutaram pela liberdade e o estado de direito - deveria ficar na Capital da República, no Panteão da Liberdade e da Democracia.

Fonte: http://www.maurosantayana.com



sábado, 2 de novembro de 2013

"Monólogo de Segismundo" por Dan Stulbach no filme Tempos de Paz




Trecho do Filme Tempos de Paz - "Monólogo de Segismundo" da peça "A vida é sonho" de Pedro Calderón de la Barca (1635), recitado por Dan Stulbach.


"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga.
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"