sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saudade de Saramago: aos 87 anos morre o grande escritor português

José de Sousa Saramago
(16 de Novembro de 1922 - 18 de Junho de 2010)

“Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.”

Socialista, escritor, argumentista, jornalista, autodidata, dramaturgo, contista, romancista e poeta português, José Saramago apenas concluiu estudos secundários, dadas as dificuldades econômicas familiares. Desenvolveu um percurso profissional do jornalismo à política, com experiências em serralharia, produção e edição literária, assim como em tradução.

Em 1976, foi o desemprego que o levou a dedicar-se à literatura. Publica em 1947 "Terra do Pecado", mas não o inclui na sua extensa obra. Da poesia ao romance, passando pelo conto, crônica, viagem e teatro, é um dos autores portugueses contemporâneos mais conhecido e distinguido internacionalmente.

Agraciado com o Nobel de Literatura de 1998, também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

Fragmentos de Saramago:

"Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória".

“Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.”

“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam.”

"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."

"O Socialismo não produziu socialistas".

"O Socialismo é um estado de espírito".

“O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.”

“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”



Na ilha por vezes habitada


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.


José Saramago
 




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