sexta-feira, 22 de abril de 2011

Oriente Médio: retrato do Império em apuros

Immanuel Wallerstein - Nova York
Nos últimos cinquenta anos, a política dos Estados Unidos no Oriente Médio tem sido construída em torno de relações muito próximas com três países: Israel, Arábia Saudita e Paquistão. Em 2011, porém, Washington está em desacordo com os três, e de maneira fundamental. Também é público a divergência com Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, China e Brasil sobre as políticas na região. Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos ou segue sua liderança. Pode-se ouvir a frustração agonizante do presidente, do Departamento de Estado, do Pentágono e da CIA – todos veem a situação saindo do seu controle.
O motivo de os Estados Unidos terem criado uma aliança tão forte com Israel é ponto para muito debate. Mas é claro que, por muitos anos, o relacionamento tem ficado cada vez mais sólido, e segue cada vez mais os termos de Israel. O país tem contado com apoio financeiro e militar dos EUA, e a certeza do veto infalível no Conselho de Segurança da ONU.
O que ocorreu agora é que tanto as políticas israelenses quanto suas bases de apoio nos EUA têm se movido rapidamente para a direita. Israel aferra-se a duas coisas: o adiamento eterno de negociações sérias com a Palestina e a esperança de que alguém irá bombardear o Irã. Obama tem se movido em direção contrária, ao menos tanto quanto a política interna dos Estados Unidos lhe permite. As tensões são fortes e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está rezando – se é que ele reza – para uma vitória dos republicanos na eleição presidencial em 2012. O desfecho da crise pode, porém, vir antes, quando a Assembleia Geral da ONU votar para reconhecer a Palestina como um Estado-membro. Os Estados Unidos irão se encontrar na posição perdedora de lutar contra isso.
A Arábia Saudita manteve um relacionamento confortável com Washington desde que o presidente Franklin Roosevelt encontrou-se com o rei Abdul Aziz em 1943. Juntos, tinham a capacidade de controlar a política de petróleo em todo o mundo. Colaboraram em assuntos militares e os Estados Unidos contaram com a ajuda do aliado próximo para apoiar outros regimes árabes em cheque. Porém, hoje o regime saudita sente-se muito ameaçado pela segunda revolta árabe. Também ficou totalmente desconcertado com a decisão dos Estados Unidos de reconhecer o destronamento de Mubarak pelo seu exército; e pela crítica de Washington à intervenção saudita no Bahrain, por mais que a crítica tenha sido leve. As prioridades dos dois países são bastante diferentes agora.
Durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos consideravam a Índia próxima demais da União Soviética, o Paquistão obtinha total apoio norte-americano (e da China), qualquer que fosse o seu regime. Os dois países trabalharam conjuntamente para auxiliar os mujahedins no Afeganistão e forçaram a retirada das tropas soviéticas. Eles provavelmente trabalharam juntos para conter o crescimento da al Qaeda. Duas coisas mudaram. No período pós-Guerra Fria, os Estados Unidos desenvolveram relações mais próximas com a Índia, para a frustração do Paquistão. E o Paquistão e os Estados Unidos encontram-se em extremo desacordo sobre como lidar com a força crescente da al Qaeda e do Talibã no Paquistão e Afeganistão.
Um dos principais objetivos da política externa dos EUA, desde o colapso da União Soviética, tem sido evitar que os países da Europa Ocidental desenvolvam políticas autônomas. Mas hoje, os três países principais – Reino Unido, França e Alemanha – estão fazendo isso. Nem a linha dura de George W. Bush, nem a diplomacia suave de Barack Obama parecem ter retardado isso. O fato de a França e o Reino Unido pedirem que os Estados Unidos assumam uma liderança mais ativa na luta contra Kadafi, enquanto Alemanha diz praticamente o oposto é menos importante que os três expressarem essas opiniões muito alto e fortemente.
Rússia, China e Brasil estão usando suas cartas cuidadosamente no que diz respeito às relações com Washington. Os três se opõem às posições dos EUA em quase tudo atualmente. Eles podem não ir até o fim (deixando de usar o veto no Conselho de Segurança) porque os Estados Unidos ainda têm garras que podem usar. Mas eles certamente não estão cooperando. O fiasco da recente viagem de Obama ao Brasil, onde ele pensou que conseguiria obter uma nova abordagem da presidente Dilma Rousseff – mas não conseguiu – mostra quão pouca influência os Estados Unidos têm no presente.
Finalmente, a política interna mudou. A política externa bipartidária caiu na memória histórica. Agora, quando os Estados Unidos entram em guerra, como na Líbia, a opinião pública mostra apenas cerca de 50% de apoio. E políticos dos dois partidos atacam Obama – ou por ser muito belicoso, ou por ser muito pacifista. Estão todos esperando para lançar-se sobre ele, diante de qualquer insucesso grave. O resultado disso pode ser forçá-lo a intensificar o envolvimento dos EUA em todos os lugares e, desse modo, agravar a reação negativa de todos os aliados.
Madeleine Albright chamou os Estados Unidos de “nação indispensável”. O país ainda é o gigante na cena mundial. Mas é um gigante desajeitado, incerto sobre onde e como quer chegar. A medida do declínio dos Estados Unidos é o grau em que os aliados próximos de antes estão prontos para defender seus desejos e manifestar isso publicamente. A medida do declínio dos Estados Unidos é a incapacidade do país em declarar publicamente o que está fazendo, ou a insistência em dizer que tudo está realmente sob controle. Os Estados Unidos efetivamente tiveram que desembolsar uma quantia muito grande de dinheiro para liberar da prisão um simples agente da CIA no Paquistão.
A conseqüência disso tudo? Muito mais anarquia no mundo. Quem vai lucrar com isso tudo? No momento, é uma questão que está em aberto.
* Imanuel Wellerstein é um sociólogo dos EUA. Texto publicado no site Outras Palavras.

Intelectuais israelenses apóiam criação de Estado palestino

Dezenas de intelectuais, artistas e personalidades públicas israelenses participaram de uma manifestação, quinta-feira, em Tel Aviv, em defesa da criação de um Estado palestinos de acordo comas fronteiras de antes da guerra de 1967. “Fazemos um chamado a todos os que buscam a paz e a liberdade para todos os povos para que apóiem a declaração de um Estado palestino e atuem para estimular os cidadãos dos dois Estados a manter relações pacíficas com base nas fronteiras de 1967 (...) O fim total da ocupação é um requisito fundamental para a libertação dos dois povos”, diz declaração do movimento.
Ilan Lior - Haaretz
Dezenas de intelectuais e personalidades públicas israelenses realizaram um protesto, quinta-feira à tarde, em frente à Sala da Independência de Tel Aviv, no boulevard Rotshschild, onde David Ben-Gurión pronunciou a declaração do Estado de Israel em maio de 1948. Os participantes do ato, entre eles 17 ganhadores do Prêmio Israel- a maior honraria israelense no campo das artes, ciências e letras -, expressaram seu apoio à criação de um Estado palestino de acordo com as fronteiras de antes da guerra de 1967.

Os manifestantes também planejam assinar sua própria declaração por escrito para expressar seu apoio e convidaram o público em geral a unir-se a eles na assinatura do documento. “O povo judeu surgiu na terra de Israel, onde forjou seu caráter. O povo palestino está crescendo na Palestina, onde se forjou seu caráter”, afirma o documento.
“Fazemos um chamado a todos os que buscam a paz e a liberdade para todos os povos para que apoiem a declaração de um Estado palestino e atuem para estimular os cidadãos dos dois Estados a manter relações pacíficas com base nas fronteiras de 1967 (...) O fim total da ocupação é um requisito fundamental para a libertação dos dois povos”, prossegue a declaração.
Os promotores da manifestação insistem que ela não é um protesto simbólico, mas faz parte de um processo mais amplo que conduza a uma legítima alternativa à política atual de Israel. “Nossa iniciativa não é uma demonstração de ingenuidade”, disse Sefi Rachlevsky, um dos organizadores do ato e colunista do jornal Haaretz. “Em lugar de ser o primeiro a estender sua mão e apoiar a independência palestina, Israel está trabalhando contra ela. Isso não é apenas um desastre moral, como também pode provocar uma catástrofe na qual se Israel se isolará e se transformará em uma espécie de África do Sul”.
O ponto de vista sionista
“Israel age desta maneira com a falsa ilusão de que pode continuar com seu comportamento colonialista, que se baseia no racismo antidemocrático que contradiz a própria declaração de independência”, acrescentou Rachlevsky.
“Estou falando desde um ponto de vista sionista”, explicou o professor Yehuda Bauer. “O sionismo propõe-se como objetivo a preservação de um lar nacional judeu com uma maioria judia sólida. Este era o sonho da esquerda, da direita e do centro do sionismo clássico. Mas a continuidade da ocupação garante a anulação do sionismo, ou seja, descarta a possibilidade que o povo judeu possa viver em sua terra com uma maioria forte e o reconhecimento internacional. Em minha opinião, isso torna claramente anti-sionista o atual governo de Israel”.
Bauer considera a criação de um Estado palestino nos moldes das fronteiras de 1967 como “a realização do nacionalismo judeu genuíno que existirá em paz na região e dentro da comunidade internacional”.
Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Carta Maior


sexta-feira, 15 de abril de 2011

122 anos do gênio Charles Chaplin



"Tua caminhada ainda não terminou....
A realidade te acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de tuas palavras
e do teu silêncio.

Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

É certo que irás encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.

Tu és jovem.
Atender a quem te chama é belo,
lutar por quem te rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.

Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás...
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te."

Charles Chaplin

(16 de abril de 1889 — 25 de dezembro de 1977)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A barbárie de cada um de nós

Oscarino Arantes

“Quando uma sociedade deixa matar crianças é porque começou seu suicídio como sociedade.” – Herbert José de Sousa (Betinho)

Relutei em comentar sobre o que aconteceu no Colégio em Realengo. A estupidez do fato fala por si e exige de cada um a reflexão obtemperada pela perplexidade e pela dor. Mas mudei de idéia diante da enxurrada de abordagens da mídia, sempre sequiosa por apelos trágicos, que mobilizam a chamada “opinião pública”, eufemismo de uma sociedade que raramente tem alguma opinião. A tristeza é verdadeira, mas sua reiterada abordagem superficial superexcita o emocional popular com matérias apelativas. Não faltam os oportunismos de plantão: autoridades desfilam na frente das câmeras certas de que, pelo menos desta vez, não há imputação de responsabilidades. Soluções mirabolantes são discutidas. No Senado, Sarney e Cia. reeditam o plebiscito do desarmamento, nas sombras da comoção que a tragédia causou.

Será mesmo que o que ocorreu em Realengo é um “caso isolado”? Não estou sugerindo um padrão, mas questiono se nossa sociedade de valores invertidos, não carrega em si o gérmen da violência. Sem dúvida que a violência sempre esteve presente na História, como um traço significativo de cada formação social. Mas uma violência sem sentido, desprovida de razão ou propósito, só é possível numa sociedade de relações alienadas, desprovidas de valores, massificada e submergida num individualismo sem individualidade. A violência sem sentido se reproduz em todas as manifestações da vida moderna, da música à religião, a agressividade e o alheamento em relação ao outro, conforma o uso da força como um fenômeno típico-cotidiano, insensível, gratuito e brutal.

O que esperar de uma sociedade que não valoriza a educação e a cultura em seus grandes meios de comunicação, mas se contenta com o infindável desfile de banalidades, idiotices e apelos sensuais. Uma indústria midiática de imbecilidades que produz “celebridades” e “sucessos” em escala, sempre na lógica do quanto mais escatológico melhor. Ao infindável desfile de bizarrices que hoje resume a nossa produção cultural de massa, segue-se uma cidadania reduzida ao patamar de consumidor. Você é avaliado pela sua capacidade de consumo. Não importa mais ser um cidadão, importa ser consumidor.

Que valores hoje reproduzimos como nação e sociedade? O “ter” prevalece sobre o “ser”, o “fácil” se impõe ao que é “certo”. Distorções que tentamos corrigir criando mais distorções. E de nada adianta profligarmos decretos e leis mais duras, para reprimir conseqüências, se como sociedade não decidirmos combater a causa profunda, que é a nossa própria perda de referencial como sociedade, gerando a violência onipresente nas estradas, nas famílias, no trabalho, nas ruas... nas escolas. Há um estranhamento da pessoa que não se vê no outro, nem se identifica na sociedade em que vive. Em Realengo, o assassino era um jovem que se inspirou nos terroristas por absoluta falta de outra inspiração que pudesse lhe direcionar a existência vazia. Quantos outros assim existem? Uma vida sem propósito e uma morte sem sentido. É isso que oferecemos aos nossos jovens.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

YURI GAGARIN: “ONDE NENHUM HOMEM JAMAIS ESTEVE”

Oscarino Arantes

 

No próximo dia 12 de abril o mundo celebra o 50º aniversário da histórica missão do cosmonauta soviético Yuri Gagarin, o primeiro homem a chegar ao espaço.

Em 12 de abril de 1961, aos 27 anos de idade, Yuri Gagarin a bordo da nave Vostok 1, tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço, dando uma volta completa em órbita do planeta e marcou seu feito proferindo a célebre frase: “A Terra é azul!”.

Gagarin, filho de camponeses, decolou como tenente e aterrou já promovido a major. Em vida recebeu o título oficial de Herói da União Soviética. Foi homenageado em diversos países do mundo e recebeu as maiores condecorações. No Brasil, foi recebido e condecorado pelo então presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Yuri Gagarin esteve em órbita por apenas 108 minutos. Foi o suficiente para entrar para a História da humanidade como o pioneiro de uma nova era. Com Gagarin a raça humana pela primeira vez anunciava seu futuro cósmico, dando o seu primeiro passo na infinita fronteira, agora aberta aos sonhos das gerações vindouras.

Em cinco mil anos de cultura, desde os antigos sumérios, passando por Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, Einsten e tantos outros, o homem se voltou intuitivamente para o fascínio das estrelas, em busca de sua origem e de seu destino. A façanha de Gagarin, chegando “onde nenhum homem jamais esteve”, realizava essa aspiração milenar.

Quis o destino que essa conquista maior de nossa civilização, coincidisse com o auge da Guerra Fria. Quando o mundo beirava o abismo da aniquilação nuclear, a missão de Gagarin fez com que todos os povos olhassem juntos para as estrelas e nelas vissem o futuro comum. Por algum tempo, todas as bandeiras, todas as fronteiras, todas as ideologias e disputas, tornaram-se pequenas. Mas o tempo passou e voltamos a esquecer. Hoje, nos contentamos com o universo virtual enquanto o planeta agoniza e as guerras se sucedem. Mas lá nas páginas da História, Gagarin e sua Vostok 1 continuam sua missão, repetindo para a nossa insensível indiferença moderna que “A Terra é azul!”.

Preciso dizer que Yuri Gagarin foi o meu herói juvenil. Muitas vezes tentei imaginar a sensação de ir onde ninguém esteve e ver, antes de todos, o que ninguém viu, mas não percebia o sentido maior daquela façanha, que foi o redimensionamento da condição humana diante do Cosmo. Ainda assim escrevo esse texto com a emoção de quem revive os sonhos da juventude e reencontra um herói de verdade, que apenas cumpriu a sua missão, por 108 minutos e conquistou a eternidade.

Em 27 de março de 1968, durante um voo de treino de rotina sobre a localidade de Kirzhach, Yuri Gagarin morreu na queda do MiG-15 que pilotava, num acidente que nunca foi devidamente explicado.

Após sua morte em 1969, o centro de treinamento de cosmonautas na Cidade das Estrelas, nas cercanias de Moscou, foi batizado com o seu nome.





Missão russa à Estação Espacial homenageia Yuri Gagarin

BBC – 05/04/2011

Dois russos e um americano foram lançados ao espaço nesta terça-feira (05/04) em uma missão da nave Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional.

O lançamento ocorreu na Base de Baikonur, no Cazaquistão.

Os tripulantes russos, Andrei Borisenko e Alexander Samokutyayev, estão fazendo suas primeiras viagens ao espaço. Já o americano Ron Garan retorna após passar 13 dias em órbita, em 2008.

Os três vão se juntar à atual tripulação da Estação Espacial, formada por um russo, um americano e um italiano, depois de uma viagem de dois dias.

Gagarin

A jornada do Soyuz acontece no momento em que se comemoram os 50 anos da façanha do soviético Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar ao espaço.

Para a homenagem, o foguete recebeu um retrato e o nome de Gagarin em sua pintura.

Antes de embarcar, os três visitaram o quarto onde Gagarin passou a noite na véspera da primeira viagem ao espaço, um local onde todos os móveis e objetos pessoais do cosmonauta foram preservados.



ONU lança selo com imagem do cosmonauta Yuri Gagarin

Iniciativa que acompanha uma exibição celebrando o primeiro homem no espaço é parte das comemorações dos 50 anos da pioneira viagem espacial.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A Administração Postal das Nações Unidas informou que lançará, em 12 abril, um selo com a imagem do cosmonauta russo Yuri Gagarin. O selo é parte das comemorações dos 50 anos da primeira viagem do ser humano ao espaço.

Nesta quinta-feira, a Assembleia Geral realizou uma sessão especial antes da abertura de uma exibição para comemorar o que chamou de "um dos maiores triunfos da História".

Gagarin fez a primeira viagem ao espaço em 12 de abril de 1961 ao orbitar a terra a bordo de sua nave espacial Vostok-1.

O subsecretário-geral do Departamento de Informação da ONU, Kiyo Akasaka, disse que 50 anos depois, o cosmonauta continua sendo uma fonte de inspiração. Ele chamou Gagarin, de "Cristóvão Colombo do Espaço".

Akasaka lembrou ainda que mesmo antes da viagem de Gagarin, a ONU começou a discutir o tema ao fundar o Escritório de Assuntos Espaciais em 1958. O subsecretário-geral elogiou o trabalho de cosmonautas, astronautas e cientistas que promovem a cooperação sobre a ciência espacial e o desenvolvimento em todo o mundo.

A Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução declarando 12 de abril o Dia Internacional do Voo Espacial Humano.

Yuri Gagarin morreu num desastre aéreo em 1968, aos 34 anos de idade.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Stop the War Coalition

“Os mísseis que levam pontas dotadas de urânio empobrecido se ajustam à perfeição à descrição de uma bomba suja... Eu diria que é a arma perfeita para assassinar um monte de gente”.

Marion Falk, especialista em física e química (aposentada), Laboratório Lawrence Livermore, Califórnia (EUA).

Nas primeiras vinte e quatro horas do ataque contra a Líbia, os B-2 dos EUA lançaram 45 bombas de 2 mil libras de peso cada uma (um pouco menos de uma tonelada). Estas enormes bombas, junto com os mísseis de cruzeiro lançados desde aviões e navios britânicos e franceses, continham ogivas de urânio empobrecido.
O DU (urânio empobrecido, na sigla em inglês) é um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares. Trata-se de uma substância muito pesada, 1,7 vezes mais densa que o chumbo, muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Quando uma arma que leva uma ponta de urânio empobrecido golpeia um objeto sólido, como uma parte de um tanque, penetra através dele e depois explode formando uma nuvem quente de vapor. Esse vapor se transforma em um pó que desce ao solo e que é não só venenoso, mas também radioativo.

Um míssil com urânio empobrecido quando impacta algo sólido queima a 10.000°C. Quando alcança um objetivo, 30% dele fragmentam-se em pequenos projéteis. Os 70% restantes se evaporam em três óxidos altamente tóxicos, incluído o óxido de urânio. Este pó negro permanece suspenso no ar, e dependendo do vento e das condições atmosféricas pode viajar a grandes distâncias. Se vocês pensam que Iraque e Líbia estão muito distantes, lembrem-se que a radiação de Chernobyl chegou até Gales.

É muito fácil inalar partículas de menos de 5 micra de diâmetro, que podem permanecer nos pulmões ou em outros órgãos durante anos. Esse urânio empobrecido inalado pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos, síndromes de imunodeficiência e estranhas enfermidades renais e intestinais. As mulheres grávidas expostas ao urânio empobrecido podem dar à luz a bebês com deformações genéticas. Uma vez que o pó se vaporiza, não cabe esperar que o problema desapareça. Como emissor de partículas alfa, o DU tem uma vida média de 4,5 milhões de anos.

No ataque da operação “choque e pavor” contra o Iraque foram lançadas, somente sobre Bagdá, 1.500 bombas e mísseis. Seymour Hersh afirmou que só o terceiro comando de aviação dos Marines dos EUA lançou mais de “quinhentas mil toneladas de munição”. E tudo isso carregava pontas de urânio empobrecido.
A Al Jazeera informou que as forças invasoras estadunidenses dispararam 200 toneladas de material radioativo contra edifícios, casas, ruas e jardins de Bagdá. Um jornalista do Christian Science Monitor levou um contador Geiger até zonas da cidade que sofreram uma dura chuva de artilharia das tropas dos EUA. Encontrou níveis de radiação entre 1.000 e 1.900 vezes acima do normal em zonas residenciais. Com uma população de 26 milhões de habitantes, isso significa que os EUA lançaram uma bomba de uma tonelada para cada 52 cidadãos iraquianos, ou seja, uns 20 quilos de explosivos por pessoa.

William Hague, Secretário de Estado de Assuntos Exteriores britânico, disse que estávamos indo a Líbia “para proteger os civis e as zonas habitadas por civis”. Vocês não têm que olhar muito longe para ver a quem e o que está se “protegendo”.

Nas primeiras 24 horas, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Um informe sobre controle de armamento realizado na União Europeia afirmava que seus estados membros concederam, em 2009, licenças para a venda de armas e sistemas de armamento a Líbia no valor de 333.357 milhões de euros. A Inglaterra concedeu licenças às indústrias bélicas para a venda de armas a Líbia no valor de 24,7 milhões de euros e o coronel Kadafi pagou também para que a SAS (sigla em inglês do Serviço Especial Aéreo) para treinar sua 32ª Brigada.

Eu aposto que nos próximos 4,5 milhões de anos, William Hague não irá de férias ao Norte da África.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: Carta Maior