domingo, 29 de agosto de 2010

Frei Betto: Estado não tem emoção

Todos os aspectos da nossa vida estão relacionados à política

Autor de “Calendário do Poder”

Rio - Em época de eleição, a razão costuma entrar em férias, e a sensibilidade fica à flor da pele. Todos manifestam opiniões sobre articulações políticas e candidatos.

A língua se espicha para difamar ou louvar políticos. E há um terceiro grupo que insiste em se manter indiferente ao período eleitoral, embora não o consiga em relação aos candidatos, todos eles considerados corruptos, mentirosos, aproveitadores.

O problema é que não há saída: estamos todos sujeitos ao Estado. E este é governado pelo partido vitorioso. Portanto, ficar indiferente é passar cheque em branco, assinado e de valor ilimitado, a quem governa. Impossível ignorar que todos os aspectos de nossa existência têm a ver com política.

Já a classe social em que cada um de nós nasceu decorre da política vigente no País. Houvesse menos injustiça e mais partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano, ninguém nasceria entre a miséria e a pobreza.

O Brasil será, a partir de 1º de janeiro de 2011, o resultado das eleições de outubro. Para melhor ou para pior. E os que vão governá-lo serão escolhidos pelo voto de cada um de nós. Faça como o Estado: deixe de lado a emoção e pense com a razão.

As instituições públicas são movidas por políticos e pessoas indicadas por eles. Todos os funcionários públicos, a começar do presidente da República, são nossos empregados. A nós devem prestar contas. Temos o direito de cobrar e eles o dever de comprovar como respondem a nossas expectativas.

A autoridade é a sociedade civil. Exerça-a. Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela propaganda eleitoral. Vote no seu futuro. Vote na justiça social, no direito dos pobres à dignidade, na soberania nacional.

Fonte: O Dia, 28/08/2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Brasil, 56 anos depois de Vargas

Ainda e sempre, o doutor Getulio

Por Mauro Santayana

Rigoroso senhor de sua privacidade, Getulio Vargas só se revelou, em toda sua modéstia, em dois grandes momentos: o do exílio em sua fazenda de Itu, no Rio Grande do Sul, e ao disparar contra o coração, na manhã de 24 de agosto de 1954.

No depoimento que deixou – e não teve a repercussão merecida quando editado – sobre aqueles 20 dias de agosto, o embaixador José Sette Câmara, que trabalhava com Lourival Fontes, na Casa Civil da Presidência – durante o mandato constitucional de Getulio – revela como o presidente vivia. Naquela manhã desesperada, ao entrar no quarto amplo de Getulio, ficou espantado com a singeleza do aposento. “Impressionou-me a austeridade e quase pobreza dos móveis negros e pesados. Uma cama de casal de madeira lisa, cinco armários, uma cômoda, um espelho. Nenhuma alfaia, nenhum tapete de luxo”.

Há poucos meses, Villas-Bôas Corrêa lembrava a modéstia de sua vida na estância, longe da família, entre 45 e 50. Ao visitá-la, Villas ficou surpreso: os amplos cômodos com os poucos e indispensáveis móveis rústicos, o quarto com a cama de solteiro, desarrumada, a cadeira que servia de cabide para a roupa de todos os dias, a mesa de trabalho. Assim era o doutor Getulio.

Muito já se escreveu sobre Vargas e seu poder. Com devoção de asceta, a quem ele servia: ao povo brasileiro ou a si mesmo, à sua íntima satisfação de governar? Há na história exemplos de homens assim dedicados ao mando, e também sobre eles perdura o mistério. É este o caso dos dois grandes rivais europeus do século 17, Richelieu e o Conde-Duque de Olivares. Sobre o espanhol existe o belo estudo de Gregório Marañon, La pasión de mandar. Olivares, se concordamos com seu biógrafo, queria o poder pelo poder e suas pompas. No caso de Richelieu, ainda que, no início, tivesse havido a ambição pessoal, a partir de sua vitória sobre a rainha mãe, Maria de Médicis, em novembro de 1630, com o apoio de Luís XIII, ele exerceu o poder pensando só no Estado nacional.

A realidade indica que o momento mais alto – e definitivo – de cada ser humano é o da morte. Se a morte tudo desfaz, não desfaz a vida que houve; ao dar-lhe o ponto final, o destino revela o homem que existiu, em sua perdição ou grandeza. O governo de Vargas foi ditatorial, nos primeiros anos e durante o Estado Novo. Seus inimigos – à direita e à esquerda – nele debitam a violência da polícia política, chefiada por Filinto Müller e seus sequazes nos estados. Mas os fatos históricos – em uma década de depressão mundial e de duros confrontos ideológicos, que levariam à Segunda Guerra Mundial – parecem justificar o autoritarismo do regime do Estado Novo, que durou oito anos, menos 40 dias.

Ao disparar contra o coração, aos 71 anos – em plena vitalidade intelectual – Vargas não o fez para expiar culpas, mas, sim, e isso se torna a cada dia mais claro, para dar ao povo uma bandeira de resistência contra os inimigos que o haviam acossado naquele agosto sombrio. O poder, para Vargas, era a dedicação plena e austera ao Estado. Ele só usufruía de prazeres frugais, como os passeios curtos de automóvel, conforme seu diário.

Uma coisa nos parece certa, nestes meses de morna campanha eleitoral: faltam líderes que saibam o que é o Estado, e se disponham a entregar-se inteiramente à nação, até o ato final, como foram Getulio e, em sua própria circunstância, Tancredo Neves.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Assista ao vídeo que revela o verdadeiro assassino de John Kennedy


Neste vídeo se vê que o motorista da limusine que leva o Presidente J.F.K. e sua esposa, em 22 de Novembro de 1963 em Dallas - Texas, disparou uma pistola no presidente.

Quem matou John Fitzgerald Kennedy foi William Greer, um irlandês metodista que foi agente da CIA e era quem dirigia a limousine presidencial naquele fatídico 22 de novembro de 1963.

Naquele dia, John F. Kennedy recebeu vários disparos. Isto foi denunciado várias vezes por William Cooper, ex-membro da equipe de informações da Inteligência Naval dos Estados Unidos, que foi assassinado pelo Departamento de Estado no ano de 2001 por revelar diferentes segredos da CIA, do Departamento de Estado, da NASA, de vários governantes, etc

William Cooper descreve em seu livro 'Behold a Pale Horse', como o Presidente Kennedy foi assassinado.

Cooper cita em seu livro a existência de um vídeo especial, ao qual ele tinha acesso por causa de seu trabalho na Inteligência Naval, e que é o único vídeo que mostra como o motorista dispara contra o presidente americano. Este é o vídeo de que Cooper tanto falava e que estava escondido da opinião pública pelo Departamento de Estado e pela CIA durante décadas.

Assumimos que o vídeo foi "liberado" por esta obscura agência de inteligência, da mesma forma que desclassifica os documentos.

Observando o vídeo, poderão tirar suas próprias conclusões.

Este vídeo mostra claramente que o motorista da limusine É QUEM MATA JFK.
O segundo disparo após, o aniquila.

LEÃO FAMINTO: Arrecadação bate sétimo recorde consecutivo

A arrecadação de impostos bateu recorde em julho pelo sétimo mês consecutivo, de acordo com a Receita Federal. As elevações refletem os bons indicadores econômicos, especialmente os índices de produção, vendas e massa salarial, segundo Sandro de Vargas Serpa, subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita.

No mês passado, a arrecadação totalizou R$ 67,973 bilhões, alta de 10,76% em comparação com julho de 2009, em valores corrigidos pelo IPCA. No acumulado do ano, a soma chega a R$ 447,464 bilhões, com alta real de 12,22% ante igual período do ano passado.

A maior contribuição foi o crescimento da receita com Cofins e PIS/Pasep, que nos sete primeiros meses deste ano cresceu R$ 14,057 bilhões. Esses tributos incidem sobre o faturamento da empresa e são considerados um termômetro do ritmo da atividade econômica.

Em seguida, as contribuições previdenciárias tiveram aumento de R$ 11,584 bilhões no acumulado do ano até julho.

Fonte: Zero Hora
18 de agosto de 2010  - N° 16431

domingo, 8 de agosto de 2010

ACORDA BRASIL! Eis um bom motivo para você se ligar nessa eleição e escolher bem seus candidatos


Depois de fazer suas compras no supermercado, o que você diria se descobrisse que só trouxe pra casa 6 das 10 sacolas de produtos? Um “roubo”, certamente. E se eu lhe dissesse que isso vem acontecendo todo dia, sem você perceber?


Preste atenção.

Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) indica que a carga tributária no Brasil deve alcançar 37,9% do PIB. As estimativas são de que a arrecadação em 2010 seja de R$ 1,3 trilhão. Traduzindo: nós, brasileiros, trabalhamos 5 meses por ano só para pagar impostos, o dobro do que trabalhávamos na década de 70. Hoje, 40,54% do rendimento bruto dos contribuintes estão comprometidos com a pesada tributação. A conta é simples: a cada R$ 1 mil que você ganha, R$ 400 serão devorados pelos tributos. E isso muitas vezes acontece sem você perceber, pois a maioria dos tributos está embutida no preço dos produtos e serviços que consumimos no dia a dia. Pagamos impostos a cada refrigerante que bebemos, a cada lanche que fazemos, a cada corte de cabelo, sem nada perceber, sem se dar conta. 

Bom, que nós pagamos muitos tributos você já deve ter ouvido falar, mas pelo o quê nós pagamos, essa é a grande questão. Os tributos são arrecadados para que o Estado (a nível federal, estadual ou municipal) mantenha os serviços públicos. E aqui é o “xis” da questão: no Brasil pagamos muito caro por serviços públicos muito ruins. Mantemos uma carga tributária de nível europeu e recebemos em troca serviços públicos de nível africano. Por exemplo, a Constituição Federal, que é a Lei Maior do país, diz que a educação e a saúde são obrigações do Estado. Nós pagamos muito de impostos, mas como a saúde e a educação públicas em geral são de nível sofrível, nos vemos obrigados a pagar colégios particulares e planos de saúde, o que aumenta o nosso ônus tributário. Em outras palavras somos “roubados” pelo Estado através de uma tributação extorsiva.

Acontece que não podemos viver sem o Estado. Não podemos cair na armadilha ideológica da era FHC sobre o “estado mínimo” e “modernidade”, que comandou o desmonte do serviço público e realizou a “privataria” de bilhões que fez a festa de meia dúzia de “investidores”. Também não adianta persistir no modelo de concessões públicas, criado na era FHC. Hoje o melhor negócio do mundo, é ser concessionário público no Brasil: você não bota um tostão para fazer a obra pública e explora o serviço por 20, 30 anos. E qualquer reforma ou expansão, sempre é bancada pelos cofres públicos. No Rio temos o exemplo da Linha Amarela, do Metrô, da Supervia, da Via Lagos, etc. É o dinheiro público, arrecadado dos nossos impostos, sendo jogado fora, para financiar a riqueza de alguns grupos empresariais e a corrupção sistêmica. São muitos os ralos por onde vaza o dinheiro público, certo é que não está sendo usado para o que deveria: oferecer serviços públicos de qualidade. 

Definitivamente a solução não é menos Estado ou mais Estado, a solução é um Estado capaz e eficiente. Os países com o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no mundo são países que possuem uma ampla infra-estrutura de serviços públicos de qualidade, capaz de assegurar o bem-estar social ao seu povo. Assim como, quando compramos um produto, sabemos exigir que ele funcione, precisamos exigir que o Estado também funcione, pois pagamos (muito bem, aliás) para isso. Já temos consciência como consumidores, precisamos agora de uma consciência como contribuintes. Temos que exigir serviços públicos de qualidade, não devemos aceitar nada menos do que isso. Educação e saúde públicas são fundamentais, já foram de qualidade no Brasil e é possível voltar a ser. Em outros países, inclusive da América Latina, esses serviços públicos funcionam a contento e olha que são países com carga tributária menor do que no Brasil. O que está faltando é o brasileiro acordar.

Oscarino Arantes


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Para refletir: "Se os Tubarões Fossem Homens" de Bertold Brecht

     Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

     Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
     Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

     Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.
     Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.