quinta-feira, 29 de maio de 2014

Israel e o apartheid

Por Luiz Eça         

Quando John Kerry afirmou que, sem a aprovação da “solução dos dois Estados”, Israel poderia se tornar um país de apartheid, o mundo caiu.

Os líderes de Israel entraram em transe e seu lobby nos EUA, a AIPAC, clamou: “Qualquer sugestão de que Israel seja, ou possa vir a ser, um Estado de apartheid é ofensiva e inapropriada”.

Não havia motivo para tanta irritação. Kerry só repetiu o que várias importantes personalidades israelenses já afirmaram como sendo uma possibilidade real.

Se não houver dois Estados, Israel não poderá manter ad aeternum a Palestina como região ocupada; terá de anexá-la.

Então, como afirmou o ex-primeiro-ministro Ehud Barak, em 2010: “A verdade simples é que haverá um só Estado, incluindo Israel, a Cisjordânia e Gaza. Ele terá de ser ou binacional ou não democrático... E se esses milhões de palestinos não puderem votar, então será um Estado de apartheid”.

Muito antes, em 1967, o primeiro primeiro-ministro de Israel, David Ben Gurion, já havia dito (citado por Hirsh Goodman): “É melhor que Israel se livre dos territórios (Cisjordânia) e sua população árabe logo que for possível. Se não fizer isso, Israel logo se transformará num estado de apartheid”.

Porque para Ben Gurion, como para os líderes atuais de Israel, a hipótese do “estado binacional” é impensável, pois representaria o fim do “caráter judeu” do seu país.

Para reafirmar esta posição, o premier Netanyahu acaba de apresentar projeto que altera a lei básica do país, passando a conceituar Israel como “o Estado de um único povo – o povo judeu – e somente o povo judeu”.

Alguns críticos acham que isso colocaria os habitantes palestinos como cidadãos de segunda classe, estabelecendo-se o apartheid por lei.

terça-feira, 27 de maio de 2014

O FOGO ETERNO

Por Mauro Santayana

No dia 27 de abril, em Lvov, na Ucrânia, um grupo de centenas de pessoas – a maioria de jovens “arianos” - se reuniu para prestar homenagem à Décima Quarta Divisão Waffen SS Grenadier. A unidade foi criada pelos nazistas em 1943, com “voluntários” ucranianos, que cometeriam depois diversas atrocidades contra seu próprio povo.

Foi nesse país - tomado pela estupidez e a loucura - que, premido pelas circunstâncias, o “primeiro-ministro” “interino”, Arseni Yatseniuk, foi obrigado a reconhecer a responsabilidade das “forças de segurança” de seu “governo” pela morte, em Odessa,  de 46 pessoas.

A maioria delas foi queimada viva, no interior da Casa dos Sindicatos, ocupada por russo-ucranianos e anti-golpistas, e cercada por um bando imberbe e covarde de aprendizes de assassino, e de “unionistas”. Um termo recém-criado pelos jornais ocidentais para designar os neonazistas do Pravy Sektor, o Setor de Direita, da Ucrânia.

As declarações de Yatseniuk - ele próprio já flagrado fazendo a saudação hitlerista - desmentem as primeiras versões, então publicadas por meios de comunicação ocidentais. Os sitiados teriam, segundo elas, queimado a si mesmos, incendiando a base do prédio em que se encontravam, ao atirar “coquetéis” Molotov  na rua.

Nos vídeos feitos no local, em nenhum momento se viu alguém jogando algo, ou disparando, das janelas. Mas, por diversas vezes, se pôde perceber garrafas cheias de gasolina sendo lançadas por quem estava do lado de fora, explodindo, em labaredas, nas paredes, e homens de colete à prova de balas disparando em direção à fachada.

domingo, 25 de maio de 2014

SIMPLESMENTE IMORTAL: Paco de Lucia - Entre dos Aguas



Cinema e Política: Getúlio, afinal, o que é?


A direita reclama uma suposta elegia. A esquerda vê um filme de direita estrategicamente lançado meses antes das eleições deste ano.

Por Léa Maria Aarão Reis

Esta semana completa um mês em cartaz o filme de João Jardim, Getúlio, nas principais telas do país. Nas salas, de modo geral, poucos são os espectadores. A fraca receita de bilheteria de um filme com Tony Ramos prova que, mesmo com um ator popular, a crise que atinge o cinema em todas as partes do mundo é para valer. Na abertura do Festival de Cannes, há dias, anunciou-se uma queda de 5% de público, ano passado, na França – país cinéfilo por excelência.

Mas o filme de João Jardim, de 50 anos, egresso do núcleo de produção de novelas e minisséries de Carlos Manga na Globo - foi lá que ele amadureceu como documentarista antes de dirigir Pro dia nascer feliz, o festejado Janela da Alma e Lixo extraordinário, este premiado em Berlim – mesmo assim segue adiante e deve permanecer no circuito algum tempo.

O polêmico e vasto personagem de Getúlio Vargas continua exercendo notável fascínio entre os de idade cujos anos de juventude foram vividos durante o seu segundo governo, o democrático, de 1951 a 1954. Não poderia ser diferente. Os mais idosos guardam a memória também do período em que foi ditador do país, entre 1930/1945. E os mais moços mostram um grande interesse pela figura deste que, como ressalta o sociólogo Francisco de Oliveira, "enfiou seu projeto goela abaixo da burguesia paulista e se firmou como estadista da nossa história, à revelia dessa plutocracia."

terça-feira, 20 de maio de 2014

Žižek: A contradição principal da nova ordem mundial

Por Slavoj Žižek

Conhecer uma sociedade não é apenas saber suas regras explícitas. É também compreender como funciona sua aplicação: saber quando usar e quando violar as normas, saber quando recusar uma escolha oferecida e saber quando fingir que está se fazendo algo por livre escolha quando trata-se efetivamente de uma obrigação. Considere o paradoxo, por exemplo, das “ofertas-feitas-para-serem-recusadas”. Quando sou convidado a um restaurante por um tio rico, ambos sabemos que ele cuidará da conta, mas devo mesmo assim insistir em rachar ela – imagine minha surpresa se meu tio simplesmente dissesse: “Ok, então, pode pagar!”

Houve um problema semelhante durante os caóticos anos pós-soviéticos do governo Yeltsin na Rússia. Embora as regras legais fossem sabidas – e eram em larga medida as mesmas que vigoravam sob a União Soviética –, desintegrou-se a complexa rede de regras implícitas, tacitamente aceitas, que sustentava o edifício social. Na União Soviética, se você quisesse, digamos, um tratamento hospitalar melhor, ou um apartamento novo, se você tivesse uma reclamação sobre as autoridades, havia sido convocado ao tribunal ou queria que seu filho fosse aceito em uma escola concorrida, você sabia as regras implícitas. Sabia com quem falar ou a mão de quem molhar, o que se podia e não se podia fazer.

Depois do colapso do poder soviético, um dos mais frustrantes aspectos do cotidiano para as pessoas comuns era que esse espaço de regras não-ditas tornou-se seriamente esfumaçado. As pessoas simplesmente não sabiam como reagir diante de regulações legais explícitas, o que podia ser ignorado, onde o suborno funcionava. (Uma das funções do crime organizado era justamente a de fornecer uma espécie de legalidade ersatz, substituta. Se você possuísse um pequeno negócio e um cliente o devia dinheiro, você ia ao seu protetor da máfia para lidar com o problema, já que o sistema legal do Estado era ineficiente.)

sábado, 17 de maio de 2014

Privatização da política beneficia os brasileiros, sem beneficiar o Brasil

Por Cristovam Buarque

A política democrática era o caminho para atender os interesses comuns da sociedade, no presente e no futuro, ouvindo a voz de cada cidadão. Mas nas últimas décadas tem havido um processo de privatização da política para atender objetivos individuais, sem grandes preocupações com o conjunto da sociedade, nem seu futuro. Democracia da soma das pessoas, não necessariamente do conjunto do país no futuro.

A pior forma de privatização da política é a corrupção por políticos que consideram que a eleição permite apropriação de recursos públicos sob a forma de propinas. Esta privatização maléfica não é a única. Ultimamente vem sendo praticada a privatização da política de forma benéfica para pessoas e grupos sociais, sem levar em conta o bom funcionamento da sociedade de hoje e do futuro, sem exigir retorno de cada um dos beneficiados para o país.

A mais evidente manifestação dessa privatização é a recente política de tarifas no setor de energia elétrica. A redução da tarifa beneficia milhões de famílias consumidoras, mas ao custo de ameaçar o futuro do sistema elétrico. Beneficia os brasileiros, sem beneficiar o Brasil. Porque o Brasil é mais do que a soma de todos os brasileiros, é a soma deles hoje e no futuro, e o futuro não tem como ser privatizado e seus custos serão socializados.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

REVISIONISMO: A guerra não declarada contra a História

A União Soviética, que assumiu o maior fardo da luta contra os nazis, foi obrigada, ainda durante a Guerra Fria, a entrar numa nova luta, desta vez em defesa da sua História, quando começaram as tentativas de revisionismo dos acontecimentos mais trágicos do século passado.



Por Maria Balyabina

Contudo, os que pretendem definir novos derrotados e vencedores continuam a existir na actualidade. Não satisfeitos com o derrube de estátuas a soldados soviéticos, eles descem ao ponto de sonegar factos e até de mentirem descaradamente.
Nesses dias, há sessenta e nove anos, as tropas soviéticas tomaram Berlim. Quase toda a Europa estava libertada da ocupação nazi. A memória desta grande vitória, que se transformou num dos momentos-chave da História mundial, permanece em muitos países europeus, por exemplo, existem monumentos aos libertadores soviéticos na Áustria, na Hungria, na Bulgária, na Alemanha, na Letônia, na Polônia e na Estônia. Mas é bem verdade que, nalguns países, não querem recordar o movimento libertador soviético.
Os monumentos fúnebres dos militares soviéticos em Budapeste desapareceram ainda na década de 90. Há sete anos, desmontaram, na Estônia, o monumento aos libertadores de Tallinn do fascismo. Desde então, discute-se a necessidade de erguer, naquele local, um monumento às vítimas da ocupação soviética, tal como foi feito em Chisinau.
Mas, se a população do Báltico sempre teve uma postura pouco calorosa face à União Soviética, e até não se opôs a colaborar com o regime fascista, este tipo de alteração de valores na Ucrânia, que participou activamente nos movimentos de libertação, é, no mínimo, estranho. Mas, as actuais autoridades de Kiev têm outros inimigos e outros heróis. Agora até têm outras comemorações. As autoridades locais das regiões ocidentais há muito que se recusam a organizar paradas no Dia da Vitória, e, em Lviv, o dia 09 de maio até é considerado um dia de luto. Agora esta moda chegou à capital, este ano Kiev revogou oficialmente a parada do Dia da Vitória. Mas, tal como declararam as autoridades locais, a cidade irá receber outros “eventos comemorativos”.
Esta alteração conceptual é um elemento indissociável do processo de revisão das conclusões da Segunda Guerra Mundial, nomeadamente no que concerne à busca de novos vencedores e derrotados. Enquanto novo agressor, foi eleita, por unanimidade, a URSS, pois o Ocidente coloca o ónus do início da Segunda Guerra Mundial na União Soviética ou no “regime estalinista”, bem como na sua herdeira Rússia, e não na Alemanha Nazi, como refere o historiador Andrei Marchukov:
“Isto é feito através de fraudes maciças. É omitido o papel agressor da Alemanha de Hitler no despoletar da Segunda Guerra Mundial, é omitido o papel das democracias ocidentais, sobretudo dos EUA e do Reino Unido, enquanto financiadores do Regime de Hitler e atiçadores contra o Oriente, pela conquista da Europa Oriental e da URSS. É também omitido o papel negativo da Polônia no despoletar da Segunda Guerra Mundial, pois é sabido que a diplomacia polaca impediu activamente todas as tentativas do Governo Soviético em estabelecer um sistema de segurança colectiva na Europa”.
A luta contra os verdadeiros resultados da Segunda Guerra Mundial chega a ter aspectos absurdos. O Museu interactivo norte-americano das Notícias e do Jornalismo inquiriu cientistas e jornalistas no sentido de elaborar a lista dos cem acontecimentos mais significativos do século passado. O primeiro lugar foi concedido ao bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki, à capitulação do Japão e à vitória na Segunda Guerra Mundial. Foi exactamente por esta ordem e com esta relação de causa e consequência. Aliás, o início da guerra é muito menos relevante para os norte-americanos, e apenas ocupa o 15º lugar, após a demissão do 37º presidente dos EUA, Richard Nixon. Os horrores do Holocausto, que ocupam o sétimo lugar, ficam atrás do direito de voto das mulheres.
Mas, se o objectivo norte-americano de liderança mundial já não espanta ninguém, a acção desta propaganda absurda no Japão é digna de espanto. Muitos jovens japoneses estão convencidos de que Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas pela União Soviética. Lá, já não se recorda o fato de se tratar de uma resposta norte-americana à Batalha de Okinawa e ao ataque de Pearl Harbor, afirma o politólogo militar Alexander Prendzhiev:
“Nos manuais escolares japoneses pode ler-se a seguinte frase: as Forças Armadas soviéticas iniciaram o ataque, após o qual, Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas. Mas, não é referido quem bombardeou, e os japoneses ficam com a impressão de que foram as Forças Armadas soviéticas a bombardear. Apesar de não ser mencionado directamente, fica a impressão de que foi a URSS. Assim, a maioria dos japoneses nem sabe que Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas por norte-americanos”.
Assim, os EUA, que durante a Segunda Guerra Mundial fizeram uma fortuna a fabricar e a vender armas, transformam-se em arautos únicos do humanismo. É de salientar que o cidadão médio norte-americano está convencido de que a Segunda Guerra Mundial foi vencida pelos EUA. Aqui o segredo não reside apenas na propaganda, mas também na forma de estar norte-americana. Ganhou aquele que obteve maiores benefícios materiais. Durante os anos de guerra, o volume da produção industrial norte-americana mais do que duplicou.
No caminho para o domínio econômico e político do Mundo, resta apenas a Washington declarar-se o principal defensor da paz, e para isso é preciso anunciar a URSS enquanto principal agressor. Além disso, este tipo de abordagem permite destruir, de forma definitiva, o sistema de Yalta-Potsdam, que garantia o equilíbrio entre o bloco ocidental e a URSS, e refreava os EUA do caminho para a hegemonia.
Segundo Andrei Marchukov, a revisão dos resultados da Segunda Guerra é um passo para a reorganização mundial:
“A ameaça é colossal, pois na época soviética existia um visível equilíbrio entre a URSS e os EUA, existia a paridade e havia a noção de que esta fronteira não podia ser ultrapassada. Mas, quando um país – como é óbvio referimo-nos aos EUA – adquire o monopólio da força, começam as guerras sangrentas, os conflitos, como se de uma bola de neve se tratasse, e dos quais somos testemunhas. É isso que acontece quando os EUA, violando todos os acordos internacionais, tentam impingir, ao mundo inteiro, a sua organização económica, o seu sistema político e retirar a soberania política aos outros países. Este sistema unipolar de liderança é rico em guerras e derramamentos de sangue”.
Para que isso não aconteça é necessário continuar com a guerra contra o regime nazi e pelo reestabelecimento da verdade histórica.


Fonte: Voz da Rússia

terça-feira, 13 de maio de 2014

Utopia e Barbárie de Silvio Tendler



Utopia e Barbárie é uma verdadeira aula de história e segue como indicação para professores preocupados em mostrar outras formas de conhecimento.

O documentário trafega por alguns dos episódios mais polêmicos dos últimos séculos, como as bombas de Hiroshima e Nagasaki, o Holocausto, a Revolução de Outubro, o ano de 1968 no mundo (Brasil, França, Chile, Argentina, Uruguai, dentre outros), a Operação Condor, a queda do Muro de Berlim e a explosão do neoliberalismo mais canibal que a História já conheceu.

domingo, 11 de maio de 2014

1964: os generais sob a estratégia americana

Adesão militar ao golpe não foi natural. Para construí-la, EUA atuaram três anos, em ambiente de Guerra Fria, a pretexto de “evitar uma nova Cuba”


Por Luiz Alberto Moniz Bandeira

A partir da vitória da Revolução Cubana, em 1960, as atenções dos Estados Unidos voltaram-se mais e mais para a América Latina. A Junta Interamericana de Defesa (JID), por sugestão dos Estados Unidos, aprovou a Resolução XLVII, em dezembro daquele ano, propondo que as Forças Armadas, consideradas a instituição mais estável e modernizadora no continente, empreendessem projetos de “ação cívica” e aumentassem sua participação no “desenvolvimento econômico e social das nações”. Pouco tempo depois, em janeiro de 1961, ao assumir o governo dos Estados Unidos, o presidente John F. Kennedy (1961 – 1963) anunciou sua intenção de implementar uma estratégia tanto terapêutica quanto profilática, com o objetivo de derrotar a subversão, onde quer que se manifestasse. E o Pentágono passou a priorizar, na estratégia de segurança continental, não mais a hipótese de guerra contra um inimigo externo, extracontinental (União Soviética e China), mas a hipótese de guerra contra o inimigo interno, isto é, a subversão. Essas diretrizes, complementando a doutrina da contra-insurreição, foram transmitidas, através da JID e das escolas militares no Canal do Panamá, às Forças Armadas da América Latina, região à qual o presidente Kennedy repetidamente se referiu como the most critical area e the most dangerous area in the world ["a área mais crítica" e "a área mais perigosa no mundo"].

O surto de golpes desfechados pelas Forças Armadas no continente a partir de então decorreu não somente de fatores domésticos, mas, sobretudo, da mudança na estratégia de segurança do hemisfério pelos Estados Unidos. O objetivo da intervenção das Forças Armadas no político era o alinhamento às diretrizes de Washington dos países que se recusavam a romper relações com Cuba.

sábado, 10 de maio de 2014

De Vivaldi - "L'estro Armonico" - Concerto para violino, cordas e baixo contínuo em lá menor



De ANTONIO VIVALDI (1678-1741)

Concerto para violino, cordas e baixo contínuo em lá menor RV356 Nº 6 Op.3 "L'estro Armonico"

1. Allegro
2. Largo
3. Presto

Interpretado por Tafelmusik
Com Elizabeth Wallfisch ao violino
Conduzido por Jeanne Lamon

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A RÚSSIA, OS OGM, A COBIÇA E A MORTE.


Por Mauro Santayana

O Governo russo, em plena crise ucraniana, acaba de tornar oficial a decisão de proibir a entrada, no país, de qualquer alimento transgênico, ou derivado de organismos geneticamente modificados.

“É necessário proibir os OGM e impor uma moratória durante dez anos. Assim, nós poderemos planejar as experiências, os ensaios, e, possivelmente novos métodos de pesquisa que posam ser desenvolvidos. Ficou provado, não apenas na Rússia, mas também em outros países do mundo, que  os resultados obtidos até agora são perigosos, e precisam ser rigorosamente monitorados. O consumo dos OGM pode conduzir a tumores, câncer e obesidade em animais. A biotecnologia merece ser desenvolvida, mas a produção transgênicos tem que ser paralisada, afirmou, em declaração à imprensa, Irina Ermakova, da Associação Nacional para a Segurança Genética da Rússia.

Uma das maiores preocupações russas com a Ucrânia, reside também justamente no avanço da utilização de sementes transgênicas naquele país, por intermédio de empresas como a Cargill, que acaba de comprar parte considerável da UkrlLandFarming - uma empresa ucraniana que controla meio milhão de hectares de terra - e a Monsanto (foto) que já é responsável pela venda de 40% das sementes usadas pelos agricultores ucranianos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Palestinos se unem para virar o jogo


Por Luiz Eça    

Quando os palestinos buscaram na ONU o reconhecimento de sua independência, os EUA vetaram.

Determinaram que a independência da Palestina só poderia ser conseguida através de negociações diretas ente as partes.

Contra a opinião do Hamas, o Fatah, que administra parte da Cisjordânia, dobrou-se ao diktat de Tio Sam.

Pressionado por Obama, desistiu de exigir uma parada na expansão de novos assentamentos judaicos como pré-condição para iniciar conversações com os israelenses.

Há poucos dias do fim do prazo para se chegar a um acordo, não se chegou a nada.
Durante os nove meses de discussões, Netanyahu bateu o recorde na criação de novos assentamentos e, por fim, deixou de libertar o último grupo de 104 prisioneiros, como havia prometido.

Enquanto isso, Abbas, chefe do Fatah e da Autoridade Palestina, limitou-se a protestar e denunciar as transgressões de Netanyahu.

O máximo que ousou foi, depois da negativa dos israelenses em libertar os prisioneiros, assinar 15 convenções internacionais como um país livre.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

"O Navio Negreiro" - poema de Castro Alves recitado por Paulo Autran




O Navio Negreiro é um poema de Castro Alves é um dos mais conhecidos da literatura brasileira. O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios negreiros que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores.

Foi escrito em São Paulo, no ano de 1869, quando o poeta tinha vinte e dois anos de idade, e quase vinte anos depois da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de escravos, em 4 de setembro de 1850. O navio negreiro é composto de seis partes, e alterna métricas variadas para obter o efeito rítmico mais adequado a cada situação retratada no poema.

Fonte: Wikipédia


segunda-feira, 5 de maio de 2014

A farsa da Guerra Fria e a armadilha na Ucrânia


"Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira"
(Leon Tolstói)

Oscarino Arantes

No mundo real, o jogo do poder costuma desafiar as análises mais ortodoxas e as ficções mais inspiradas. Tudo parece blefe até que a banca quebra. A crise na Ucrânia não foge ao enredo. O empenho da Casa Branca em se manter como superpotência hegemônica nas últimas décadas é a grande causa de instabilidade de nossa era, basta ver nos conflitos que se sucederam nesses últimos 20 anos o selo dominante da águia. Também por esse motivo, a Guerra Fria permanece ainda como ameaça, se não real ao menos retórica. Não podemos esquecer que o Empire mantém amplo domínio do front midiático, com o qual costuma manipular sua população através do medo. Como disse Marx, a História se repete como farsa.

No complexo tabuleiro geopolítico, é verdade que Washington sofreu revezes com as guerras do Iraque e do Afeganistão, mas continua firme em seu propósito de um novo século norte-americano. Para isso precisa garantir o controle do acesso às reservas mundiais de petróleo e recursos naturais, além de conter a iniciativa de qualquer desafiante. Evidente que hoje, somente Rússia e China possuem dimensão geoestratégica e efetivo poderio tecnológico-militar para contrapor os EUA no cenário mundial. Isso para não dizer que um grande arsenal nuclear ajuda muito. Afinal, no fim das contas, “manda quem pode, obedece quem tem juízo” continua a ser a única regra internacional vigente.


O ressurgimento da Rússia como player global, corresponde apenas a um ajuste histórico, equivalente ao seu peso político e diplomático. Para o mundo, é salutar o equilíbrio de poder. É óbvio que Putin não quer ressuscitar a Guerra Fria, muito menos a União Soviética, da qual só lhe interessa a mística de superpotência. A Rússia está bem inserida no sistema econômico globalizado, para o bem e para o mal. No entanto, o Kremlin logo percebeu a distância que separa os discursos das ações na Casa Branca. O compromisso norte-americano de não estender a OTAN aos países da antiga URSS foi quebrado em 2008 na Geórgia, obrigando a intervenção russa na Ossétia do Sul e Abkházia.

A Rússia reestruturou suas forças armadas, ampliou sua presença no Ártico e se aproximou da China. Em 2013 reativou sua Frota Naval do Mediterrâneo, com base em território sírio. Com isso estendeu sua influência no Oriente Médio. Passou a incomodar o Empire. Seria coincidência, não fosse isso um jogo de poder, que logo após o êxito diplomático da Rússia no Irã e na Síria, ambos avalizados pela ONU, frustrando a intervenção militar dos EUA e OTAN, a situação na Ucrânia começou a se deteriorar rapidamente. Derrubado o presidente eleito e usurpado o governo pela oposição de extrema direita, o Ocidente se apressou em proclamar a “vitória da democracia”. Mas veio a reação de Moscou e quando o povo da Criméia aprovou por 96.8% um referendo de retorno à Rússia, Mr. Obama classificou como “ilegal” e acusou Putin de intervenção. Já não importava, sem contestação, a Rússia assegurou um espaço estratégico para seu controle do Mar Negro.

Mas a crise na Ucrânia se intensificou com a ação imprevisível de grupos separatistas pró-Rússia no Leste do país e a reação violenta das forças de segurança de Kiev. As digitais da CIA estão em toda parte. O incêndio criminoso em Odessa matando dezenas de militantes pró-Rússia, pressiona Moscou a reagir. A situação se agravou e Putin parece ter percebido que está sendo conduzido a um perigoso beco sem saída. Se der a resposta que se espera, fará o jogo da Casa Branca, incendiará a Ucrânia criando uma zona de instabilidade próxima demais de regiões importantes, além de justificar a presença da OTAN em sua fronteira. Um atoleiro inaceitável. Putin deve agora ser o homem de gelo e não pagar pra ver. Por pior que cheire, nunca se deve subestimar a capacidade aerodinâmica do que é jogado no ventilador.


domingo, 4 de maio de 2014

Assim o Ocidente ressuscita a Guerra Fria

Além de não representar ameaça militar ou econômica, Rússia suportou provocações em série. Mas militares, petroleiras e mídia querem fabricar um demônio


Por Roberto Sávio | Tradução: Antonio Martins

Faz várias semanas, agora, que toda a mídia mainstream está engajada em denunciar primeiro a suposta ação de Putin na Crimeia – e em seguida, na Ucrânia. A última capa de The Economist mosta um urso engolindo a Ucrânia, sob o título “Insaciável”. A unanimidade na mídia é sempre constrangedora, porque significa algum ato de dobrar joelhos. Será possível que os quarenta anos de Guerra Fria estejam sendo ressuscitados?

A inércia desta guerra, na verdade, nunca foi rompida. Diga “o presidente comunista de Cuba, Raúl Castro”, e ninguém ficará chocado. Use a mesma lógica, e chame o presidente Obama de “capitalista” e repare nas reações. Na Itália, Sílvio Berlusconi foi capaz, durante vinte anos, de ganhar as eleições contra a “ameaça” do comunismo – representada, segundo ele, pelo partido à esquerda, agora no poder, sob Matteo Renzi, um católico devoto.

No caso da Ucrânia, há pelo menos quatro pontos fulcrais de análise que estão sendo ocultados pelo coro de mídia. O primeiro é que nunca se mencionam as responsabilidades do Ocidente no caso. Deveríamos lembrar que Mikhail Gorbachev, presidente russo ao final dos anos 1990, negociou com os chefes de Estado dos EUA (Ronald Reagan), Grã-Bretanha (Margareth Thatcher), Alemanha (Helmut Kohl) e França (François Mitterrand) que aceitaria a reunificação da Alemanha; mas que que o Ocidente, em contrapartida, não deveria tentar invadir a área de influência da Rússia. Sobre isso, há grande quantidade de documentos.

sábado, 3 de maio de 2014

O G-20, OS BRICS E A REFORMA DO FMI


Por Mauro Santayana

Em seu comunicado final, ao fim da reunião da semana passada, os ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais da maioria dos países do G-20, mandaram um recado a Washington, declarando-se “profundamente decepcionados” com os Estados Unidos pela demora na ratificação dos acordos de reforma do FMI, aprovados em 2010.

A reforma do Fundo Monetário internacional pretende dar maior peso aos países emergentes na instituição, diminuindo a importância, as cotas e o poder de decisão de nações europeias cuja economia perdeu importância relativa nos últimos anos.

A reforma, nos moldes em que está, precisa ser aprovada pelo legislativo dos países membros, e se encontra  travada no Congresso dos Estados Unidos, há quatro anos, embora já tenha recebido o aval de 144 países, ou 76% do total de votos da organização.

Por causa disso, autoridades como o Presidente do G-20 financeiro, o ministro australiano do Tesouro, Joe Hockey, e o próprio ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, disseram que, se nos próximos meses, não se superar o impasse, “alternativas” seriam buscadas, juridicamente, para superar o bloqueio do Congresso dos EUA.