quarta-feira, 30 de julho de 2014

Galeano: Já pouca Palestina resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes


Por Eduardo Galeano, no Sin Permisso | Tradução por Mariana Carneiro para o Esquerda.net

Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo os seus autores quer acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está a ser castigada. Converteu-se numa ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou legitimamente as eleições em 2006. Algo parecido ocorreu em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador.

Banhados em sangue, os habitantes de El Salvador expiaram a sua má conduta e desde então viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os rockets caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desleixada pontaria sobre as terras que tinham sido palestinianas e que a ocupação israelita usurpou. E o desespero, à orla da loucura suicida, é a mãe das ameaças que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está a negar, desde há muitos anos, o direito à existência da Palestiniana. Já pouca Palestiniana resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Morre uma criança por hora em Gaza, denuncia a ONG Save The Children

A organização não governamental Save the Children Fund alertou que, nos últimos dois dias, uma criança palestina morre por hora em Gaza. Em comunicado, a ONG pediu à comunidade internacional uma “resposta inequívoca para deter este derramamento de sangue”


Por Esquerda.net. Artigo publicado no Clarín.

Duas semanas depois do começo da ofensiva militar israelense, pelo menos 70 mil crianças da Faixa de Gaza viram-se obrigadas a abandonar as suas habitações com as famílias, assegurou a ONG, citada pela Europa Press.

Além disso, a Save de Children Fund indicou que 116 mil é o número de crianças que necessita de “apoio psicossocial especializado imediato” na Faixa de Gaza. Em Israel, as crianças também sofrem com as consequências desta situação “enfrentando, no dia a dia, o terror do lançamento de torpedos”.

A equipe da Save the Children em Gaza está trabalhando nas zonas mais castigadas pelos ataques com o objetivo de proporcionar ajuda médica e auxiliar as famílias deslocadas com colchões, materiais para proteção, kits de higiene e materiais para o cuidado dos bebés, advertindo que “o nível de necessidades é assustador”.

Os médicos alertaram que os partos prematuros estão duplicando, assinalou a ONG. “Vimos muitos partos prematuros como resultado do medo e dos problemas psicológicos causados pela ofensiva militar” (israelita), explicou Yousif Al Swaiti, diretor do hospital Al Awda com o qual trabalha a Save the Children.

A ONG informou que os recém-nascidos são um setor muito vulnerável e assegura que a comida para os bebês é “extremamente escassa”, o que coloca as mães numa situação de enorme estresse.

São já 121 as crianças mortas, em Gaza, pela ofensiva israelense. ”O número de partos prematuros duplicou, comparado com os que havia antes da escalada de violência”, esclareceu o médico. “Perdem-se anos de trabalho com cada explosão”, assegurou um dos ativistas da Save the Children, David Hassell. “Nunca existirá justificativa para o ataque a escolas e hospitais, quando muitos civis não têm para onde ir. Nenhuma das partes deveria usar estas instalações para fins militares”, disse.

A ONG pediu à comunidade internacional que “responda a esta guerra contra as crianças exercendo toda a sua influência diplomática para pôr fim imediato ao derramamento de sangue”. “Se a comunidade internacional não atua já, a guerra contra as crianças, em Gaza, pesará sobre as nossas consciências para sempre”, concluiu.

* Leia mais aqui.

Tradução: António José André

Fonte: Revista Fórum



sábado, 26 de julho de 2014

O fardo do Homem Branco

Cumplicidade com genocídio dos palestinos marca declínio do Ocidente. E cada criança morta é um prego no caixão da velha democracia


Por Nuno Ramos de Almeida 

Em 1899, os Estados Unidos da América discutiam no Congresso a anexação das antigas colônias espanholas que tinham lutado pela sua independência, nomeadamente as Filipinas. Nessa altura, o poeta britânico Rudyard Kipling escreveu um poema apologético para declarar que o facho da civilização tinha passado das mãos do Reino Unido. “O Fardo do Homem Branco” defendia que passara a caber a Washington tratar dos selvagens para o bem deles, sem contar com o seu agradecimento. Os nativos do mundo tinham de ser dirigidos pelas potências ocidentais. Eram homens inferiores, de civilizações fracas que precisavam de ouvir a voz do dono. Os agitadores deviam ser castigados e eliminados, se necessário por meios violentos. Os selvagens deviam ser controlados, para seu bem. Assim começava a declaração de bondade civilizadora:

Tomai o fardo do Homem Branco,
Enviai vossos melhores filhos.
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônios, metade crianças.

Entre o consenso dos meios de comunicação e dos poderosos, houve um homem que não se calou. O escritor que assinava Mark Twain, autor das As Aventuras de Huckleberry Finn, respondeu com um artigo em plena euforia “civilizadora”, quando os poderosos norte-americanos abriam garrafas de champanhe pela anexação das ilhas do Havaí, de Samoa e das Filipinas, de Cuba, Porto Rico e de uma ilhota que se chama, eloquentemente, dos Ladrões. Perante isto, Mark Twain faz uma singela proposta, pede que se mude a bandeira nacional: que sejam negras, diz, as listas brancas, e que umas caveiras com tíbias cruzadas substituam as estrelas e assumam a verdadeira identidade de piratas.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Filme: Os Advogados contra a Ditadura: Por uma questão de Justiça




Com a instauração da ditadura militar através de um golpe das Forças Armadas do Brasil, no período entre 1964 e 1985, o papel dos advogados na defesa dos direitos e garantias dos cidadãos foi fundamental no confronto com a repressão, ameaças e todo tipo de restrições. "Os Advogados contra a Ditadura" propõe uma profunda reflexão sobra a época em questão, relembrando, através de depoimentos e registros de arquivos, a relevante e ativa participação dos advogados contra as imposições do autoritarismo e na luta pela liberdade.

Dirigido por Silvio Tendler, o filme faz parte do Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia.

domingo, 20 de julho de 2014

O Homem virtualizado: espanto e êxtase de uma nova era

 

Por Oscarino Arantes

A cada dia novas tecnologias reinventam um cotidiano tangenciado pelo desconcerto de sua assimilação. Inovações sucessivas que ditam seguidas mudanças reverberam em atitudes que se furtam à abstração de valores. Sem dúvida a internet é a mais surpreendente mudança já introduzida na humanidade e rapidamente se tornou campo de negócios, ciência, cultura, relações sociais, política, guerra eletrônica, espionagem, contrainformação, sabotagem, fraudes, crimes e até de terrorismo. Se por um lado universalizou a informação, por outro, subsumiu o sujeito a dados desse universo virtualizado. Ainda é cedo para avaliarmos todas as consequências, porém, já podemos observar que o excesso de informações de múltiplas fontes em permanente acréscimo, longe de possibilitar a formação de um senso crítico indispensável à práxis do indivíduo, causa-lhe dúvida e extasia. A quantidade não assegura qualidade e, assim, em certo sentido, o homo conectatus está desconexo.

Nas redes sociais, novas formas de relação criam uma nova arquitetura social. Nessas redes o indivíduo projeta uma identidade narcísica, que decompõe sua privacidade e, com isso, a referência de sua própria individualidade. Com a avidez de se expor na rede social, o indivíduo busca se afirmar como protagonista de um cotidiano idealizado na presunção de popularidade. Tenta decompor sua solidão imanente com a perpetuação do instantâneo difundido. Assim, o paradigma da relação deixa de ser o outro, sem face, desumanizado por sua multiplicidade, e passa a ser a própria plataforma, sob a qual o indivíduo reconstrói sua ética. Ocorre que nessa pantomima todos se fazem protagonistas e o intercâmbio deriva para o burlesco da intimidade compartilhada ou para frivolidades do dia a dia. Não me parece ter sido isso que Andy Warhol pensou quando disse que "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama".

Vemos que a cada dia fica mais difícil delimitar as fronteiras do real e do virtual. Em pouco tempo provavelmente isso se tornará impossível. Não se trata mais de uma rede de intercâmbio e comunicação, reprodutora de realidade, mas de uma nova forma de realidade, que expande e redimensiona constantemente o conhecimento e desafia os modelos de nosso próprio pensamento. Novos parâmetros recriam a linguagem e até uma física própria, onde o referencial espaço-tempo se funde e se confunde em nosso devir. Entre o real e o virtual não temos mais espaço para a dúvida.

O cotidiano do homem foi invadido pelo ritmo surpreendente das inovações. Invadido e definitivamente transformado. Não há tempo para surpresa ou ponderação, somos passageiros de um avião perdendo altitude, sorrindo e torcendo para que alguém ainda esteja no comando. Por toda a história humana as inovações foram introduzidas no ritmo ditado por sua assimilação. Hoje, somos atropelados pelas inovações. Pela primeira vez na história, a identidade transcende o indivíduo. Como nos relacionamos e até quem somos é redefinido no universo virtual, que se torna cada vez mais espaço vital. Sem dúvida que a internet veio pra ficar, é um marco civilizatório de nossa era. Mas a impassividade diante de suas consequências é algo preocupante, considerando os desafios prementes da humanidade.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

quarta-feira, 16 de julho de 2014

"VIRA-LATAS": O COMPLEXO DE INFERIORIDADE DO BRASILEIRO (Fantasias, fatos e o papel da educação)

Por Humberto Mariotti*

O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima. (Nelson Rodrigues)

Este tema é recorrente entre nós, e tanto mais recorrente quanto é grande a nossa tendência a oscilar entre períodos de euforia (que, como se sabe, costumam coincidir com vitórias esportivas) e fases de autodesvalorização (que, como também se sabe, costumam ser mais prolongadas e ligadas a muitas outras situações e eventos).

O "complexo de vira-lata"

É difícil falar do Brasil e da nossa cultura sem repisar temas e conceitos muito batidos, muitos deles já transformados em lugares-comuns. De todo modo, mencionemos dois deles. O primeiro é a "tristeza" do brasileiro, conceito elaborado por Eduardo Prado, que permeia algumas de nossas formas de expressão artística, como a música de Villa-Lobos. O outro, ligado ao anterior, é a nossa baixa auto-estima, que, como já foi dito, costuma se alternar com momentos de euforia e ufanismo.

Essa auto-estima diminuída mereceu do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues a denominação de "complexo de vira-lata". Em suas palavras: "Por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". Ao contrário do que muitos pensam, essa designação não é gratuitamente pejorativa. Na verdade, ela expressa a indignação do escritor contra uma condição de nossa cultura que em sua opinião poderia ser revertida, como o foi no caso do futebol. Restam muitas outras situações, também potencialmente reversíveis ao menos em boa parte por meio da educação. Poucos duvidam de que hoje esse é o maior desafio da sociedade brasileira.

O vira-lata se satisfaz com o pouco que lhe dão, ou mesmo com o que não lhe dão mas que ele consegue no dia-a-dia. Concessões mínimas, pequenas sobras são para ele grandes vantagens. Conseguir ser atendido num posto de saúde, depois de longas esperas em filas intermináveis, e atravessar o Atlântico para ganhar em euros, mesmo sem grandes chances de mudar de patamar socioeconômico, são dois exemplos. Trata-se, como já foi dito, de alimentar a sensação de que já se alcançou alguma coisa numa população em que muitos nada conseguem.

Em seu clássico ensaio Dialética do esclarecimento, cuja primeira edição é de 1944, os filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer resumem em poucas e incisivas palavras uma das principais características da era industrial, que hoje, na época dita "pós-moderna", infelizmente continua válida: "Cada um vale o que ganha e ganha o que vale. Ele aprende por meio das vicissitudes de sua existência econômica e não conhece nada mais".

Na década de 50, como observa Peter Drucker3, as pessoas costumavam se autodefinir pelo nome da organização em que trabalhavam. Eram os "homens da companhia", cuja história foi contada por Anthony Sampson4.

Já naquela época, Drucker havia intuído que no futuro os indivíduos passariam a se definir não pelas companhias em que trabalhavam, mas pela qualificação profissional (isto é, pelo conhecimento) que tinham. Do "homem da companhia" evoluiu-se para o knowledge worker - o trabalhador de conhecimento. Hoje, o desligamento de uma corporação não destitui o indivíduo de sua identidade de trabalhador de conhecimento. Aliás, nada consegue fazer essa destituição.

No Brasil e em muitos outros países designados pelo eufemismo de "em desenvolvimento", a idéia da importância do trabalhador de conhecimento ainda não chegou com a amplitude e a profundidade que deveria. O desemprego tem um efeito devastador sobre a vida do trabalhador cuja identidade ainda é definida pelo fato de ele produzir energia mecânica, ou desempenhar tarefas repetitivas em uma empresa. Quando o trabalhador de baixo ou nenhum grau de qualificação (ou seja, de baixo ou nenhum conhecimento) perde o emprego, ele é simplesmente alijado da cena social. Por isso, para muitos brasileiros o pouco que se consegue já é muito; mas também daí vem a sua sensação de ser um cidadão de segunda classe - o "complexo de vira-lata".

Vimos que, na linha de raciocínio denunciada por Horkheimer e Adorno, se um indivíduo só ganha o que vale e só vale o que ganha, quando ele não ganha nada ou ganha muito pouco, seu valor é pouco ou nenhum. A legislação penal brasileira traduz essa circunstância de modo implacável. Todos sabem que entre nós as penas previstas para crimes contra o patrimônio são mais severas e mais duramente aplicadas (quando o são) do que as penas para crimes contra a pessoa - em especial quando o réu tem pouco ou nenhum dinheiro.

sábado, 12 de julho de 2014

Chomsky: Barbárie em Gaza

“Tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pelo Ocidente – para nossa vergonha infinita”

Por Noam Chomsky | Tradução: Antonio Martins

Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem jornalista palestino em Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho pequeno, entre sons de explosões de de jatos, atirando sobre qualquer civil que se mova e sobre casas. Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um bairro calma, sem alvos militares – exceto palestinos, que são presa fácil para a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados Unidos. Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até aquele momento, mais de 70 pessoas [o número subiu para 120 na sexta, 11/7, segundo o Guardian] haviam sido mortas e 300 feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as vítimas de sempre.

É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas, como esta. Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o corajoso médico norueguês que trabalhou extensivamente em Gaza, mesmo durante os ataques mortíferos de Israel. A situação é desastrosa, por todos os ângulos. Gilbert narra: “As crianças palestinas em Gaza sofrem imensamente. Uma vasta proporção é afetada pelo regime de desnutrição imposto pelo bloqueio israelense. A prevalência de anemia entre menores de dois anos é de 72,8%; os índices registrados de síndrome consuptiva, nanismo e subpeso são de 34,3%, 31,4% e 31,45%, respectivamente”. E estão piorando.

Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina a mera sobrevivência em Gaza. Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel tomas as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.

E tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pela Europa – para nossa vergonha infinita.

Fonte: Outras Palavras


quinta-feira, 10 de julho de 2014

COPA 2014: O desabafo de Romário

"Ladrões, corruptos e quadrilheiros!". Campeão mundial e principal jogador na campanha do tetracampeonato, Romário detonou a organização do futebol brasileiro após a humilhante eliminação na Copa do Mundo de 2014


Por Romário - Deputado Federal

Após a goleada histórica sofrida pelo Brasil diante da Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, o ex-jogador e deputado federal Romário desabafou. Através das redes sociais, afirmou que José Maria Marin, presidente da CBF, e seu vice e sucessor eleito, Marco Polo Del Nero, deveriam estar na cadeia. O parlamentar fez duras críticas à corrupção e à gestão no futebol brasileiro, e falou em “falência” do esporte no país.

“Passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!

Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.

Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.

Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.

Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.

Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!

SOS GAZA



domingo, 6 de julho de 2014

Uma Copa que não respeita os direitos civis básicos


Por Pablo Ortellado

A cada dia que passa, recebemos notícias mais graves da suspensão dos direitos civis no Brasil. Desde a semana da abertura da Copa, quase todas as manifestações públicas programadas foram dissolvidas preventivamente, ou seja, foram impedidas por força policial de se concentrarem, numa flagrante violação da Constituição.

Centenas de ativistas em todo o território nacional estão sendo regularmente visitados de maneira intimidatória pela polícia, que também os está intimando a depor coercitivamente durante datas de manifestação com o intuito de privá-los de um direito que deveria ser sagrado em qualquer democracia. Até a Polícia Federal está fazendo uso da infame Lei de Segurança Nacional, um dos mais abjetos resquícios da ditadura militar. Tudo isso para que um torneio de futebol ocorra "sem transtornos".

quarta-feira, 2 de julho de 2014

PREOCUPANTE: Em experimento secreto, Facebook manipula emoções de usuários

Algoritmo de 700 mil usuários foi manipulado por uma semana em 2012. Resultado mostrou que humor de usuários varia de acordo com conteúdo.


Da France Presse

Um estudo detalhando como o Facebook manipulou secretamente o feed de notícias de aproximadamente 700 mil usuários com o objetivo de avaliar o "contágio emocional" desencadeou revolta na rede social.

Durante uma semana em 2012 o Facebook manipulou o algoritmo usado para distribuir os posts no feed de notícias do usuário para verificar como isso afetou o seu humor.

O estudo, conduzido por pesquisadores associados ao Facebook, pela Universidade de Cornell, e pela Universidade da Califórnia, foi publicado em junho na 17ª edição dos Anais da Academia Nacional de Ciência.

Os pesquisadores pretendiam verificar se o número de palavras positivas ou negativas nas mensagens lidas pelos usuários resultaria em atualizações positivas ou negativas de seus posts nas redes sociais.

Observou-se que os usuários que tiveram o feed manipulado utilizaram palavras positivas ou negativas dependendo do conteúdo ao qual foram expostos.

Os resultados do estudo foram propagados quando a revista online Slate and The Atlantic abordou o assunto no sábado.

"Estados emocionais podem ser transferidos para os outros por meio do contágio emocional, levando as pessoas a experimentarem as mesmas emoções de modo inconsciente", afirmam os autores da pesquisa.

"Estes resultados provam que as emoções expressas pelos outros no Facebook influenciam nossas próprias emoções, o que evidencia o contágio em larga escala via redes sociais."

Enquanto outros estudos usam metadados para estudar tendências, este parece ser o primeiro a manipular dados para verificar se há reação.

A pesquisa é considerada legal de acordo com as normas do Facebook, mas seria ética?

"#Facebook FEED DE USUÁRIOS MANIPULADOS PARA EXPERIMENTO PSICOLÓGICO EM MASSA... Sim, está na hora de encerrar a conta do FB!", lia-se em post do Twitter.

Outros tweets usavam expressões como "super perturbador", "assustador" e "mau", assim como manifestações irritadas, para descrever o estudo.

Susan Fiske, professora da Universidade de Princeton que editou o artigo para publicação, disse a The Atlantic que ela ficou preocupada com a pesquisa e entrou em contato com os autores.

Eles disseram que o conselho institucional aprovou o estudo, já que "o Facebook manipula a atualização do feed dos usuários o tempo todo".

Fiske admitiu ter ficado "um pouco assustada" com o estudo.

O Facebook disse a The Atlantic que "considera cuidadosamente" a pesquisa e que há "um processo de avaliação interna".

O Facebook, maior rede social do mundo, informa ter mais de um bilhão de usuários ativos.

Fonte: G1