quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Há 70 anos, Batalha de Stalingrado selava derrota do nazismo

Estava encerrada a mais feroz, renhida e sangrenta batalha militar que a História da humanidade conheceu

Em 31 de janeiro de 1943, o marechal Friedrich Von Paulus, comandante do VI Exército alemão, comunicava sua capitulação incondicional ao general Vassili Chuikov, comandante do Exército Vermelho em Stalingrado. Os remanescentes do exército alemão renderam-se em 2 de fevereiro; 91 mil homens, entre eles 22 generais. Estava encerrada a mais feroz, renhida e sangrenta batalha militar que a História da humanidade conheceu. 



A Batalha de Stalingrado quebrou a espinha dorsal da poderosa máquina de guerra nazista e do Terceiro Reich e provocou uma dramática guinada à Segunda Guerra Mundial. Por causa dos soldados do Exército Vermelho, o mundo se livrou naquele momento do nazi-fascismo. Caso tivesse saído vitoriosa, a sombra da Alemanha nazista pairaria por muitas e muitas décadas sobre povos e nações, com todo o seu horror ideológico e racial. 

Max Altman - São Paulo 
Fonte: Opera Mundi


BERLIN 1945: o Exército Vermelho conclui sua campanha vitoriosa contra a Alemanha nazista, iniciada na Batalha de Stalingrado e hasteia a bandeira soviética nas ruínas do Reichstag. O ponto final do "Reich de mil anos" de Adolf  Hitler.


No Mali, um novo atoleiro do Ocidente?



Os fundamentalistas são brutais, mas o que os bombardeios ressaltam é incapacidade das “democracias” contemporâneas em lidar com o Outro

Glen Greenwald | Nova York


Enquanto os aviões de guerra franceses bombardeiam Mali, uma estatística simples fornece o contexto-chave: essa nação africana ocidental de 15 milhões de habitantes é o oitavo país em que as potências ocidentais — apenas nos últimos quatro anos — estão bombardeando e matando muçulmanos, desde o Iraque, Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Líbia, Somália e as Filipinas (sem contar as numerosas tiranias letais sustentadas pelo Ocidente nessa região).

Por razões óbvias, a retórica de que o Ocidente não está em guerra com o mundo islâmico soa cada vez mais falsa com cada nova expansão desse militarismo. Mas nessa campanha maciça de bombardeio, vê-se que as lições mais importantes sobre a intervenção ocidental são persistentemente ignoradas.

Primeiro: como deixa claro um texto do New York Times publicado hoje, grande parte da instabilidade de Mali é resultado direto da intervenção da OTAN na Líbia. Especificamente, “combatentes islâmicos fortemente armados, audazes, voltaram do combate da Líbia” e “o armamento considerável, proveniente da Líbia e os diferentes combatentes islâmicos que voltaram” causaram o colapso do governo central, apoiado pelos EUA. Como escreveu essa manhã Owen Jones, em uma excelente coluna no Independent:


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O MUNDO AMANHÃ: Julian Assange entrevista Slavoj Zizek e David Horowitz

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, entrevista no segundo episódio da série “O mundo amanhã” o intelectual superstar Slavoj Zizek e David Horowitz, um dos líderes da direita americana. O encontro, entre mentes tão diferentes, resulta em uma entrevista no mínimo acalorada.
“Você é um apoiador da coisa mais próxima que temos do nazismo”, diz Horowitz. “Você apoia os palestinos. Eu não vejo como diferenciar os palestinos que querem matar os judeus dos nazistas”. Irritado, o esloveno dispara: “Desculpe, você já foi à Cisjordânia?” Em alguns momentos, Assange tem que segurar o exaltado Zizek, embora seu adversário esteja em outro continente. “Nós, totalitários das antigas, deveríamos, nos juntar e nos livrar deste liberal aqui!”, brinca Zizek para Horowitz, referindo-se a Assange.
O tom da conversa entre os três varia entre o antagônico e o bem humorado. Os três falam de personalidades que vão de Stalin a Obama, do conflito entre Israel e palestinos, do desejo da liberdade ao Estado de vigilância, passando, é claro, pelo trabalho o WikiLeaks, considerado “perigoso” por Horowitz. No final, Zizek conclui: “Isso foi uma loucura!”

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/radar-global/assista/ 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A maior ameaça à paz mundial



Os Estados Unidos realizaram em dezembro um teste nuclear em Nevada. O país não aceitou abrir a atividade aos inspetores internacionais, o que têm exigido do Irã – que, aliás, protestou, assim como fizeram o prefeito de Hiroshima e alguns grupos pacifistas japoneses. O acontecimento voltou a chamar atenção para a disputa entre Israel e Irã, mas sem pôr em pauta o que realmente é importante: a criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

Noam Chomsky - La Jornada

Há alguns meses, ao informar sobre o debate final da campanha presidencial nos Estados Unidos, o The Wall Street Journal observou que “o único país mais mencionado (que Israel) foi o Irã, o qual a maioria das nações de Oriente Médio vê como a principal ameaça à segurança da região”.

Os dois candidatos estiveram de acordo em que um Irã nuclear é a maior ameaça à região, se não ao mundo, como Romney sustentou explicitamente, reiterando uma opinião convencional.

Sobre Israel, os candidatos rivalizaram em declarar sua devoção, mas nem assim os as autoridades israelenses se deram por satisfeitas. Esperavam “uma linguagem mais ‘agressiva’ de Romney”, segundo os repórteres. Não foi suficiente que Romney exigisse que não se permitisse que o Irã “alcance um ponto de capacidade nuclear”.

Também os árabes estavam insatisfeitos, porque os temores árabes sobre o Irã se “debateram sob a ótica da segurança israelense, não da região”, e as preocupações dos árabes não foram contempladas: uma vez mais, o tratamento convencional.

O artigo do Journal, como incontáveis outros sobre o Irã, deixa sem resposta perguntas essenciais, entre elas: Quem exatamente vê o Irã como a ameaça mais grave à segurança? O que os árabes (e a maior parte do mundo) acham que se pode fazer diante dessa ameaça, existindo ou não?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O "cisma do Pacífico"



Por José Luís Fiori

"O Brasil era naturalmente líder, hoje a coisa é muito complicada. O continente se dividiu, há o "Arco do Pacífico"... Então de alguma maneira perdemos nossa relevância política no continente que era inconteste. Nunca chegamos a pensar uma negociação a fundo com os EUA, sempre tivemos medo". (F. H. Cardoso, Valor, 30/11/12)

Na história do desenvolvimento sul-americano - depois da Segunda Guerra Mundial - o projeto de integração do continente nunca foi uma política de Estado, indo e vindo através do tempo, como se fosse uma utopia "sazonal", que se fortalece ou enfraquece dependendo das flutuações da economia mundial e das mudanças de governo, dentro da própria América do Sul. Durante a primeira década do século XXI, os novos governos de esquerda do continente, somados ao crescimento generalizado da economia mundial - entre 2001 e 2008 - reavivaram e fortaleceram o projeto integracionista, em particular o Mercosul, liderado pelo Brasil e pela Argentina. Depois da crise de 2008, entretanto, esse cenário mudou: a América do Sul recuperou-se rapidamente, puxada pelo crescimento chinês, mas esse sucesso de curto prazo trouxe de volta e vem aprofundando algumas características seculares da economia sul-americana, que sempre obstaculizaram e dificultaram o projeto de integração, como seja, o fato de ser uma somatória de economias primário-exportadoras paralelas, e orientadas pelos mercados externos.

Essa situação de desaceleração ou impasse do "projeto brasileiro" de integração sul-americana, explica, em parte, o entusiasmo da grande imprensa econômica internacional, e o sucesso entre os ideólogos liberais latino-americanos, da nova "Aliança do Pacífico", bloco comercial competidor do Mercosul, inaugurado pela "Declaração de Lima", de abril de 2011, e sacramentado pelo "Acordo Marco de Antofagasta", assinado em junho de 2012, pelo Peru, Chile, Colômbia e México. Quatro países com economias exportadoras de petróleo ou minérios, e adeptos do livre-comércio e das políticas econômicas ortodoxas. O entusiasmo ideológico, ou geopolítico, entretanto, encobre - às vezes - alguns fatos e dados elementares.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nossa homenagem ao "velho caudilho" Leonel Brizola

Leonel Brizola: 22/01/1922 à 21/06/2004




NOVAS ILHAS, NOVOS RIOS,
NOVOS VULCÕES FAZEM DO NOSSO CONTINENTE
UMA NOVA GEOGRAFIA.

QUEREMOS NOVA AGRICULTURA,
OUTRAS FORÇAS JUVENIS,
UMA SOCIEDADE MAIS PURA,

NOVAS PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA
QUE ESTÁ NASCENDO
E QUE TEMOS O DEVER DE CONSTRUIR

QUEM PODE ESTÁ CONTRA A VIDA?
CELEBREMOS A CHEGADA DE BRIZOLA
NO CENÁRIO DA AMÉRICA
COMO UMA DESLUMBRANTE ENCARNAÇÃO
DE NOSSAS ESPERANÇAS.

ESTAMOS CANSADOS DA ROTINA DA MISÉRIA.,
DE IGNORÂNCIA, DE INJUSTIÇA ECONÔMICA.
ABRAMOS O CAMINHO ÁQUELE QUE ENCARNA HOJE
A POSSÍVEL CONSTRUÇÃO DO FUTURO.

PABLO NERUDA 

domingo, 20 de janeiro de 2013

TARANTINO, A ESTÉTICA DA VIOLÊNCIA E O “PATRULHAMENTO” DO POLITICAMENTE CORRETO

"Senhores, eu não tenho nenhuma intenção de matar Hitler e Goebbels, assassinar Göring e Bormann, para não mencionar ganhar a guerra sozinho para os aliados, para só depois encontrar-me diante de um tribunal judaico. Se você quer ganhar a guerra, hoje à noite... nós temos que fazer um acordo.” – Coronel Hans Landa, o “Caçador de Judeus” de Bastardos Inglórios.

Oscarino Arantes

A liberdade já foi um valor ocidental, tão presente em nossa cultura e filosofia que permitiu uma produção de inigualável criatividade desde o Renascimento até pelo menos a década de 60 do século XX, a ponto de Oscar Wilde dizer que a vida imitava a arte. Hoje, conspurcada por um emaranhado jurídico e teses sociológicas, que a submeteram ao senso comum do “politicamente correto”, a liberdade quando muito, é uma pálida retórica de políticos, intelectuais e artistas. Justamente dessa palidez que surgiu Quentin Tarantino. Como um Houdini redivivo, a cada filme que lança Tarantino celebra uma nova escapada do cerco da mediocridade ideológica que se julga engajada. Uma espécie de ativismo inativo, muito comum em nossa sociedade. Hollywood segue a tradição de impor padrões do ‘politicamente correto’. Muitos artistas, diretores e críticos, posam de progressistas e liberais, mas enxergam discriminação em qualquer produção que ouse trilhar por temas ‘delicados’ sem lançar mão dos modelos pré-aprovados de abordagem. Traduzem a paranóia de uma civilização esgotada em sua força criativa, amarrada em suas culpas passadas. Um cerco que só piora na medida em que nada é abertamente proibido, mas tudo é cuidadosamente vigiado. Ninguém é perseguido, apenas rotulado.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Dilma decide marcar posição de que a candidata é ela e não Lula


Dilma diz a Eduardo Campos que é candidata em 2014

Presidente garante que disputa reeleição e pede a governador, que também cogita concorrer, apoio do PSB 

Fernanda Krakovics


BRASÍLIA - Em sua terceira conversa desde o início de novembro com o presidente do PSB e pré-candidato à Presidência da República em 2014, governador Eduardo Campos (PE), na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente que é candidata à reeleição. O socialista, que tenta viabilizar sua própria candidatura, mas continua na base de apoio ao governo, não se posicionou em relação ao eventual apoio à reeleição de Dilma. Comprometeu-se apenas a ajudá-la a fazer uma boa administração neste ano de 2013.

Setores do PT gostariam que o ex-presidente Lula fosse candidato em 2014, já que Dilma mantém uma relação mais distante com o partido. Essa opção também funciona como uma espécie de garantia caso algo vá mal no governo. Já a presidente tem evitado falar publicamente sobre o assunto porque não quer antecipar o debate eleitoral, o que poderia prejudicar sua administração.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A justiça como uma ameaça à democracia


Por Lúcio Flávio Pinto
Reproduzido do Jornal Pessoal nº 528, 1ª quinzena/janeiro 2012

Saí satisfeito da apresentação que Isadora Mota do Amaral fez da sua dissertação de conclusão do curso de direito da Universidade Federal do Pará, no mês passado. A banca examinadora lhe conferiu a nota máxima. Ela mereceu a aprovação unânime e eu fui ao campus da UFPA não apenas porque o tema do seu trabalho era “O efeito silenciador do judiciário paraense: o caso Lúcio Flávio Pinto à luz da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos”.Minha satisfação se devia ao fato de, finalmente, o meu “caso” receber uma análise jurídica. Pioneira e do mais alto nível.
Esperei por esse momento desde que eu próprio tomei consciência do significado do acúmulo de processos judiciais contra mim, a partir de cinco ações sucessivas (quatro criminais e uma cível) propostas por Rosângela Maiorana Kzan, diretora administrativa do grupo Liberal. Eu era inocente e não sabia.
Minha experiência direta com a justiça se restringia a um processo instaurado na Auditoria Militar de Belém. Fui enquadrado na terrível Lei de Segurança Nacional e devidamente palmilhado pela Polícia Federal. Meu crime tinha sido publicar matérias em O Liberal que mostravam a violência usada pela polícia ao perseguir presos que conseguiram fugir quando eram conduzidos à noite para “interrogatório” na ilha de Cotijuba.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Incrível escultura representando Nelson Mandela

A escultura consiste em 50 placas de aço com 10 metros de altura, cortadas a laser e inseridas na paisagem, representando o 50º aniversário da captura e prisão de Nelson Mandela, em 6 de agosto de 1962, no próprio local onde tal sucedeu, e que lhe custaria 27 longos anos de cárcere.

Num ângulo específico de observação, a visão em perspetiva das colunas surpreende ao assumir a imagem de Nelson Mandela. O escultor é Marco Cianfanelli, de Joanesburgo, que estudou belas-artes em Wits.





quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Democracia por Karl Marx




Hegel parte do Estado e faz do homem o Estado subjetivado; a democracia parte do homem e faz do Estado o homem objetivado. Do mesmo modo que a religião não cria o homem, mas o homem cria a religião, assim também não é a constituição que cria o povo, mas o povo a constituição. A democracia, em um certo sentido, está para as outras formas de Estado, como o cristianismo para as outras religiões. O cristianismo é a religião preferencialmente, a essência da religião, o homem deificado como uma religião particular. A democracia é, assim, a essência de toda a constituição política, o homem socializado como uma constituição particular; ela se relaciona com as demais constituições como o gênero com as suas espécies, mas o próprio gênio aparece, aqui, como existência e, com isso, como uma espécie particular em face das existências que não contradizem a essência . A democracia relaciona-se com todas as outras formas de Estado como com seu velho testamento . O homem não existe em razão da lei, mas a lei existe em razão do homem, é a existência humana, enquanto nas outras formas de Estado o homem é a existência legal. Tal é a diferença fundamental da democracia.



Karl Marx (5/5/1918-14/3/1883). Crítica da filosofia do direito de Hegel (1843) p.50. Boitempo Editorial, São Paulo, 2005.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O GRANDE IRMÃO E O SEU OLHO


Mauro Santayana

Estamos no universo orwelliano de “1984”. É quase impossível a alguém andar sem ser monitorado por alguma câmera; vigiado, passo a passo, onde quer esteja, pelos satélites; localizado quando usa o aparelho telefônico celular, e assassinado por controle remoto. Todo esse sistema, que deixa anacrônica a ficção, é dominado, em escala mundial, pelo grande irmão, o governo norte-americano. O sistema financeiro, industrial e militar, que manipula o poder, conta  com as maiores empresas internacionais de comunicação eletrônica, por ele controladas.
  
Contra o voto de pequena minoria, o Congresso dos Estados Unidos acaba de renovar lei do Governo Bush, autorizando a escuta telefônica e o monitoramento de comunicação eletrônica sem autorização judicial, incluindo emails, de cidadãos estrangeiros de todo o mundo, por parte dos serviços secretos norte-americanos - sobrepondo-se à soberania de todas as outras nações.

Embora a desculpa seja a luta contra o terrorismo, não há como saber onde acaba a preocupação com a “segurança nacional” dos Estados Unidos e começa a espionagem comercial e tecnológica, ou a coleta de informações que sirvam para pressionar ou chantagear “inimigos” dos EUA, como os ativistas da democracia ou da transparência, como  Julian Assange.

Todos nós, a começar pelos nossos líderes políticos, podemos ser espionados pelos vários serviços norte-americanos, como a CIA e o NSA. Dentro da paranóia ianque, qualquer estrangeiro, que não for seu vassalo e assalariado, é inimigo potencial de seu país.

O monitoramento de “inimigos” dos EUA pelos seus serviços de informação não é novidade. Ao longo do século XX, jornalistas, políticos, lideranças sindicais e sociais de todos os continentes foram monitoradas, perseguidas, e, em muitos casos, diretamente sequestradas e assassinadas por agentes da CIA, ou matadores por ela contratados – conforme vários livros de ex-agentes, que deixaram suas atividades.

Essa legislação de exceção, aprovada logo após 11 de setembro, foi agora incorporada às leis norte-americanas ordinárias. O que os Estados Unidos estão dizendo ao mundo é que, ao aprovar essa lei, colocam sob a proteção de seu poderio militar qualquer assassino a soldo de seus interesses que seja identificado e detido, em qualquer lugar do mundo. É a velha prepotência, denunciada pelos seus pensadores mais eminentes, como o Senador Fullbright – que foi contra a guerra do Vietnã, e se opunha a toda ingerência de seu governo nos assuntos internos de qualquer outra nação - em seu livro Arrogance of Power:

“O Poder se confunde com a virtude e tende também a ver-se como onipotente. Uma vez imbuído da idéia de missão, uma grande nação facilmente assume que ela possui todos os meios para usá-los como um dever, no serviço de Deus”.

Fonte: www.maurosantayana.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Wikileaks: novos documentos secretos em 2013


Por Marcelo Justo

Em um presente pré-natalino a governos de todo o mundo, o fundador de Wikileaks, Julian Assange, saiu à sacada da embaixada equatoriana em Londres, onde se encontra asilado desde junho, para anunciar que em 2013 tornará públicos um milhão de novos documentos confidenciais.

Falando a uma centena de seguidores na gelada noite londrina e a dezenas de câmeras de televisão e flashes fotográficos do mundo, Assange disse que não deixaria se intimidar pela campanha contra ele. Ao mesmo tempo, se mostrou aberto a uma negociação que permita destravar sua situação de prisioneiro virtual na embaixada do Equador. “A porta está aberta e permanecerá aberta para quem quiser usar os canais normais para falar comigo ou garantir meu salvo-conduto ao Equador”, afirmou.

A aparição pública de Assange lançou por terra os rumores sobre graves problemas de saúde por conta do encerramento na embaixada e deu novas asas aos que falam sobre sua possível candidatura ao senado australiano nas eleições de 2013, pelo Partido de Wikileaks. A mensagem coincidiu com o sexto mês de seu asilo na embaixada equatoriana e permitiu que ele roubasse a cena do tradicional declaração natalina da rainha Elizabeth. O conteúdo não podia ser mais diferente.

O jornalista australiano de 41 anos acusou o Pentágono de lançar uma campanha contra sua pessoa e sua organização que o Ministério da Defesa dos EUA classificou como criminoso. Ao mesmo tempo em que apontava os inimigos, Assange reivindicou seus amigos. “Há seis meses que entrei neste edifício que se converteu em minha casa, meu escritório, meu refúgio. Agradeço ao governo do Equador e a seu povo pelo apoio que receberam”, disse.

A embaixada-escritório não aprece ter afetado sua lendária capacidade de trabalho. Em seu cativeiro equatoriano-londrino, o jornalista australiano trabalha cerca de 16 horas diárias e escreveu um livro – “Ciberpunks: a liberdade e o futuro da internet” – que permitiu com que permanecesse no lugar que cativa: o centro do ringue. A liberdade de imprensa foi o eixo dos 12 minutos de sua fala de 12 minutos na sacada da embaixada. Assange pediu a libertação do soldado Bradley Manning a quem comparou com jornalistas que lutaram pela liberdade de imprensa em todo o mundo. “É só por meio da revelação da verdade que sustentamos os cimentos de nossa civilização. Quando nossos meios de comunicação são corruptos, quando nossos acadêmicos são tímidos, nossa civilização desmorona”, assinalou Assange.

A mensagem é outra maneira de lembrar ao mundo que ele continua no limbo diplomático-político. O Equador concedeu-lhe asilo, o Reino Unido não reconheceu a decisão e Assange precisa que o governo britânico garanta um salvo-conduto ao aeroporto para ele viajar ao Equador, algo que o chanceler William Hague jurou que jamais fará. O Tribunal Superior de Londres aprovou em abril a entrega de Assange às autoridades suecas, que buscam interrogá-lo por dois supostos casos de abuso sexual, e a Corte Suprema britânica rechaçou em junho de forma unânime a reabertura do caso.

A lei europeia de extradição obriga o governo britânico a realizar a detenção e a extradição de Assange. O australiano alega que pode prestar testemunho à justiça sueca desde a embaixada e que o célebre caso apresentado pelas duas mulheres (A e B, no jargão legal) é uma manobra obscura para que, uma vez na Suécia, seja extraditado aos Estados Unidos, que já deixou claro que deseja sua cabeça desde que, em 2010, Wikileaks difundiu mensagens classificadas sobre a guerra no Iraque e no Afeganistão.

Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Rede Democrática

sábado, 5 de janeiro de 2013

Por que os Estados Unidos fracassaram


Por Paulo Nogueira

Uma sociedade movida pela busca de status é insustentável, diz o acadêmico Morris Berman. 
Os americanos estão muito mais para as filas de desempregados que para Bill Gates.

Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer.

Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele. A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro.

A questão do título é respondida amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.

O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar.

Síndrome da falta de solidariedade

Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.

“O psicoterapeuta Douglas LaBier, de Washington, tem um nome para esse tipo de comportamento, que ele afirma ser comuníssimo nos Estados Unidos: síndrome da falta de solidariedade”, diz Berman. “Basicamente, é um termo elegante para designar quem não dá a mínima para ninguém senão para si próprio. LaBier sustenta que solidariedade é uma emoção natural, mas logo cedo perdida pelos americanos porque nossa sociedade dá foco nas coisas materiais e evita reflexão interior.”

Berman afirma que você sente no ar um “autismo hostil” nas relações entre as pessoas nos Estados Unidos. “Isso se manifesta numa espécie de ausência de alma, algo de que a capital Washington é um exemplo perfeito. Se você quer ter um amigo na cidade, como Harry Truman disse, então compre um cachorro.”

O americano médio, diz ele, acredita no “mito” da mobilidade social. Berman nota que as estatísticas mostram que a imensa maioria das pessoas nos Estados Unidos morrem na classe em que nasceram. Ainda assim, elas acham que um dia vão ser Bill Gates. Têm essa “alucinação”, em vez de achar um absurdo que alguém possa ter mais de 60 bilhões de dólares, como Bill Gates.

O suicídio de uma nação

“Estamos assistindo ao suicídio de uma nação”, diz Berman. “Um país cujo propósito é encorajar seus cidadãos a acumular mercadorias no maior volume possível, ou exportar ‘democracia’ à base de bombas, é um navio prestes a afundar. Nossa política externa gerou o 11 de Setembro, obra de pessoas que detestavam o que os Estados Unidos estavam fazendo com os países delas. A nossa política (econômica) interna criou a crise mundial de 2008.”

A soberba americana é sublinhada por Berman  em várias situações. Ele cita, por exemplo, uma declaração de George W Bush de 1988: “Nunca peço desculpas por algo que os Estados Unidos tenham feito. Não me importam os fatos.” Essa fala foi feita pouco depois que um navio de guerra americano derrubou por alegado engano um avião iraniano com 290 pessoas a bordo, 66 delas crianças. Não houve sobreviventes.

A guerra do Vietnã

Berman evoca também a Guerra do Vietnã. “Como entender que, depois de termos matado 3 milhões de camponeses vietnamitas e torturado dezenas de milhares, o povo americano ficasse mais incomodado com os protestos antiguerra do que com aquilo que nosso exército estava fazendo? É uma ironia que, depois de tudo, os reais selvagens sejamos – nós.”

Você pode perguntar: como alguém que tem uma visão tão crítica – e tão justificada – de seu país pode viver nele?

A resposta é que Berman desistiu dos Estados Unidos. Ele vive hoje no México, que segundo ele é visceralmente diferente do paraíso do narcotráfico pintado pela mídia americana — pela qual ele não tem a menor admiração. “Mudei para o México porque acreditava que ainda encontraria lá elementos de uma cultura tradicional, e acertei”, diz ele. “Só lamento não ter feito isso há vinte anos. Há uma decência humana no México que não existe nos Estados Unidos.”

Fonte: Diário do Centro do Mundo 


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

OBRA DO PAC I TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO SEGUE ABANDONADA






Anunciada como a grande obra do governo Lula para acabar com a seca no Nordeste, a polêmica obra de transposição do Rio São Francisco, consumiu 3,7 bilhões desde 2005 e hoje é um triste retrato do desperdício do dinheiro público, usado para promoção do governo. 


O meio ambiente ao redor foi destruído, tudo está parado e abandonado. O TCU determinou a abertura de um processo para fiscalizar o que aconteceu em cada trecho e punir os eventuais responsáveis pelas irregularidades.
 



O valor inicial da obra era de R$ 4,5 bilhões, mas há dois anos subiu para cerca de R$ 6,8 bilhões e em 2012 chegou a R$ 8,2 bilhões, ou seja, o custo praticamente dobrou. As empreiteiras agradecem a generosidade do erário.

O Tribunal de Contas da União (TCU) também está investigando os gastos: “Irregularidades tem muitas, porque desde o início as obras vêm se debatendo com dificuldades exatamente porque falta o projeto. O empreendimento já inicia sem planejamento. Você sabe como começa, mas não como termina”, avalia o ministro do Tribunal, Raimundo Carreiro.





Enquanto isso, a construtora Delta de Fernando Cavendish, preferida do governo federal na execução das obras do PAC, envolvida no escândalo Cachoeira, recebeu 379 milhões em 2012 da União, a terceira empreiteira em verba recebida, apesar de ter sido declarada inidônea pela Controladoria Geral da União (CGU) e estar proibida de ser contratada pelo poder público por 2 anos.



E ainda querem os "ROYALTIES" DOS ESTADOS PRODUTORES DE PETROLEO para o mesmo fim.