Por Antonio Rodrigues Belon
De quem é a
crise? Onde acontece a crise? Por que o termo e o conceito entram em disputa?
Nos anos 2007,
2008 e 2009, uma crise generalizada ocorreu nas multinacionais e nas grandes
empresas. Dominantes na economia mundial, elas definem a fisionomia do
capitalismo recente. Só puderam sair dessa crise com a injeção massiva de
dinheiro, as salvaguardas, feitas pelas instituições correspondentes aos bancos
centrais, encabeçados pelo dos Estados Unidos. As crises e as salvaguardas
adotadas expressam o começo da crise mais importante da história do
capitalismo.
As salvaguardas
permitiram às multinacionais e ao sistema financeiro mundial sair da
quebradeira, e sobrepor-se a ela, no curto prazo. Porém, a largo prazo, se
agravam e se aceleram as contradições históricas do capitalismo. A inflação, as
quebras de empresas, os déficits, as guerras comerciais, as crises monetárias,
a recessão, o aumento dos preços do ouro e dos metais preciosos expressam
reforçadamente esse agravamento de contradições.
A globalização
como regime de acumulação entra em colapso. De 2007 a 2009, passa por um
esgotamento. Mostrou precários e baixos índices de crescimento em comparação
com os picos de 30% do pós-guerra. Isto requer uma perspectiva histórica de
entendimento. Para compreender este esgotamento da globalização se faz
necessário entender como as modernas multinacionais passaram a dominar a
economia mundial no bojo da segunda guerra mundial, no seu regime peculiar de
acumulação.
Articuladamente
com as salvaguardas dá um salto o desemprego mundial, a fome, a miséria, a
desigualdade social nos países centrais. Avança a crise do crédito e do
dinheiro. As empresas e Estados vivem a tendência à necessidade de novas
salvaguardas nos marcos do capitalismo. Torna-se obsoleta a queima de capital
clássica como saída para a crise e uma imoralidade irracional. A fome no mundo
acabaria por exigir 1% do capital destinado às novas multinacionais. A fome ou
a salvaguarda do capitalismo, o que vale mais?
As salvaguardas
provocam um enorme impacto na consciência mundial, o fim do sonho americano, do
sonho de ascensão social, da utopia reacionária de solução reformista da crise.
Salvaguardar os interesses e a vida de quem? Salvaguardar o capitalismo é salvaguardar
a quem?
Põe em questão a
propaganda da democracia nos Estados Unidos pela demonstração palpável da existência de uma monstruosa ditadura do capital. Põe por terra a propaganda do
triunfo do capitalismo proveniente da queda do Muro de Berlim. O conceito de
ditadura posto numa perspectiva de classe. De outro modo é possível entender
isto?
O final do
regime econômico da globalização é o começo de um novo regime caracterizado por
poderosas injeções de crédito. Nelas se repetem os acontecimentos ao largo da
história do capitalismo. A dissolução dos diversos modos de produção
pré-existentes na transformação de todas as relações sociais em mercadorias.
Isto é incontornável no capitalismo.
Hoje ocorre a
dissolução do capitalismo. De seu interior vem a sua morte. A hora é de
interpretar os temas básicos e começar a transformação clamante.
O imperialismo
impõe o domínio definitivo do capital e das multinacionais, ou, o resultado
depende da luta de classes? Expropriar as multinacionais é uma medida que só
pode ser levada a cabo por revoluções triunfantes que imponham ditaduras
proletárias. Sem entendimento do conceito, vem o susto. A transição implica na
passagem do domínio de quem se sustenta na exploração e na opressão para o
domínio de quem aponta para a emancipação.
A atual crise do
capitalismo é uma crise mortal; definitiva para as multinacionais. A agonia de
uma classe social, a dos donos das multinacionais, a dos magnatas e grandes
capitalistas, dominadores e proprietários dos meios de produção e de troca.
Crises e
salvaguardas administram uma agonia. Adiam uma morte. Dificultam, mas não
impedem a construção de uma saída. Saída fora dos marcos do capitalismo.
Impõe-se a organização do trabalho livremente associado.
Fonte: Blog
Convergência
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