sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nascer da agonia


Por Antonio Rodrigues Belon

De quem é a crise? Onde acontece a crise? Por que o termo e o conceito entram em disputa?

Nos anos 2007, 2008 e 2009, uma crise generalizada ocorreu nas multinacionais e nas grandes empresas. Dominantes na economia mundial, elas definem a fisionomia do capitalismo recente. Só puderam sair dessa crise com a injeção massiva de dinheiro, as salvaguardas, feitas pelas instituições correspondentes aos bancos centrais, encabeçados pelo dos Estados Unidos. As crises e as salvaguardas adotadas expressam o começo da crise mais importante da história do capitalismo.

As salvaguardas permitiram às multinacionais e ao sistema financeiro mundial sair da quebradeira, e sobrepor-se a ela, no curto prazo. Porém, a largo prazo, se agravam e se aceleram as contradições históricas do capitalismo. A inflação, as quebras de empresas, os déficits, as guerras comerciais, as crises monetárias, a recessão, o aumento dos preços do ouro e dos metais preciosos expressam reforçadamente esse agravamento de contradições.

A globalização como regime de acumulação entra em colapso. De 2007 a 2009, passa por um esgotamento. Mostrou precários e baixos índices de crescimento em comparação com os picos de 30% do pós-guerra. Isto requer uma perspectiva histórica de entendimento. Para compreender este esgotamento da globalização se faz necessário entender como as modernas multinacionais passaram a dominar a economia mundial no bojo da segunda guerra mundial, no seu regime peculiar de acumulação.

Articuladamente com as salvaguardas dá um salto o desemprego mundial, a fome, a miséria, a desigualdade social nos países centrais. Avança a crise do crédito e do dinheiro. As empresas e Estados vivem a tendência à necessidade de novas salvaguardas nos marcos do capitalismo. Torna-se obsoleta a queima de capital clássica como saída para a crise e uma imoralidade irracional. A fome no mundo acabaria por exigir 1% do capital destinado às novas multinacionais. A fome ou a salvaguarda do capitalismo, o que vale mais?

As salvaguardas provocam um enorme impacto na consciência mundial, o fim do sonho americano, do sonho de ascensão social, da utopia reacionária de solução reformista da crise. Salvaguardar os interesses e a vida de quem? Salvaguardar o capitalismo é salvaguardar a quem?

Põe em questão a propaganda da democracia nos Estados Unidos pela demonstração palpável da existência de uma monstruosa ditadura do capital. Põe por terra a propaganda do triunfo do capitalismo proveniente da queda do Muro de Berlim. O conceito de ditadura posto numa perspectiva de classe. De outro modo é possível entender isto?

O final do regime econômico da globalização é o começo de um novo regime caracterizado por poderosas injeções de crédito. Nelas se repetem os acontecimentos ao largo da história do capitalismo. A dissolução dos diversos modos de produção pré-existentes na transformação de todas as relações sociais em mercadorias. Isto é incontornável no capitalismo.

Hoje ocorre a dissolução do capitalismo. De seu interior vem a sua morte. A hora é de interpretar os temas básicos e começar a transformação clamante.

O imperialismo impõe o domínio definitivo do capital e das multinacionais, ou, o resultado depende da luta de classes? Expropriar as multinacionais é uma medida que só pode ser levada a cabo por revoluções triunfantes que imponham ditaduras proletárias. Sem entendimento do conceito, vem o susto. A transição implica na passagem do domínio de quem se sustenta na exploração e na opressão para o domínio de quem aponta para a emancipação.

A atual crise do capitalismo é uma crise mortal; definitiva para as multinacionais. A agonia de uma classe social, a dos donos das multinacionais, a dos magnatas e grandes capitalistas, dominadores e proprietários dos meios de produção e de troca.

Crises e salvaguardas administram uma agonia. Adiam uma morte. Dificultam, mas não impedem a construção de uma saída. Saída fora dos marcos do capitalismo. Impõe-se a organização do trabalho livremente associado.

Fonte: Blog Convergência

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