segunda-feira, 18 de março de 2013

A Poesia de Agostinho Neto



Poema para todos

Para quê chorar
porque esperamos
que outros venham consolar?

Para quê querer uma ilusão
para apagar uma mentira?

o choro cansou o mundo
e a nós mesmo já causa tédio
e quando julgamos que o riso é choro
ele é riso simplesmente
porque já nem sabemos lamentar

Mas olha a tua volta
abre bem os olhos
-vês?

Aí está o mundo
construamos.



Novo rumo

Na alta noite dos caminhos
sem nome
o nosso nome é ritmo
o nosso destino é vida

O ritmo
dos passos incertos dum filho pródigo
que por herança teve azorragues
e se esbanjou em fé
em hesitações em amor
e regressa desiludido
mas ainda crente
procurando em si
o homem que perdeu

O destino
é a própria História
o Início
a Concordância

Somos o ritmo construtivo
do novo
na alta noite
dos caminhos sem nome.


Sinto na minha voz…

Sinto na minha voz as vozes duma multidão
No coração sinto um mundo
No meu braço um exército

A multidão calou
O mundo perdi-o
O exército foi vencido

Mas a multidão silente não morreu
O exército vencido não desapareceu
E no coração tenho a certeza

De que o amanhã
não será ilusão.


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