Oscarino
Arantes
Vivemos em uma era de transformações que estão
ocorrendo numa velocidade tão desmedida que mal conseguimos – e não somos
tentados – a compreendê-la. Nenhuma outra lhe serve de parâmetro. As mudanças
são tantas e tão profundas as suas repercussões a nossa volta, que é comum
perdermos os referenciais para formar uma compreensão ou juízo crítico de
valor. O primeiro referencial perdido é o próprio tempo. Não temos mais a noção
de nosso tempo. Aquilo que achávamos futuro nos surpreende no presente quando
descobrimos que já é passado. Universalizamos
a noção de obsoleto como medida de nossas vidas alienadas de seu tempo. A
dinâmica do processo histórico parece ter acelerado com inúmeras mudanças na
base material contemporânea. Nos últimos 20 anos, segundo pesquisadores, se
produziu mais conhecimento do que em toda a História humana anterior. Novas
tecnologias são criadas e introduzidas em nosso cotidiano num ritmo incessante,
alterando os paradigmas de nossa própria vida, de nossas relações em família, nosso
trabalho, nossa comunidade, nossas instituições. São tantas as pequenas revoluções
que se sucedem num frenesi incontido, que não damos conta de o quanto profundamente
elas nos afetam: o computador pessoal, a telefonia celular, a internet, o smartphone,
os transgênicos, os biocombustíveis, etc.

Contudo, como esse processo é histórico-dialético, as
conseqüências dessas inúmeras mudanças são incontroláveis, inapreensíveis, complexas
e reverberam em múltiplas relações macro e micro dialéticas. Novas tendências
surgem, novos embates, novos desafios que exigem nova leitura, nova abordagem,
novas propostas. Evidente que há sempre o risco do pior acontecer. É a ameaça
da “barbárie” advertida por Rosa de Luxemburgo. Não é possível um exame
teleológico das transformações de nossa era, mas sempre é possível a práxis
engajada àqueles que se lançarem ao desafio. Somos testemunhas de um período
anti-épico, desprovido de grandes narrativas, mas incomparável em sua dinâmica
e complexidade. Como as gerações futuras irão definir nossa era?
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