sábado, 12 de outubro de 2013

Cartas na mesa



 

Oscarino Arantes

A eleição de 2014 se iniciou com a movimentação de seus principais atores. As novas legendas e o troca-troca de partidos acabaram servindo de pano de fundo para o surpreendente lance do apoio de Marina Silva à candidatura de Eduardo Campos, acompanhada do abrigo de sua Rede dentro do PSB. Situações distintas e complexas. Sem dúvida que a inesperada aliança com Marina viabiliza uma candidatura que de início parecia fogo-fátuo e de supino Eduardo Campos ressurge no jogo eleitoral revigorado. O desafio é como manter esse vigor até a campanha, considerando a dicotomia dos discursos “desenvolvimentismo x sustentabilidade”, que distingue o PSB da Rede. Desgastes óbvios vão ocorrer, afinal essa relação nada tem de “programática”, como insiste Marina. O pragmatismo deu a tônica. Depois de não conseguir o registro de sua Rede, não aceitando o limbo de estar fora da cena política e com isso amargar, quem sabe, uma aposentadoria precoce, Marina precisava de um lance quixotesco, carregado de simbolismo. Eduardo Campos foi escolhido por se apresentar como terceira via mais evidente.

A questão é saber quem contagia quem nessa impensada aliança. Como inocular em Eduardo Campos o discurso do novo, sem perder autenticidade, depois de longo tempo na base governista? E o que fazer com Marina? Improvável que seja vice na chapa, pois isso tiraria do PSB a possibilidade de negociar uma aliança partidária de peso, além de ser óbvio que Eduardo Campos precisa de um vice da região Sudeste. De todo modo, não creio que Marina detenha o cacife de votos de 2010. Naquela eleição muitos de seus eleitores votaram nela por falta de opção e não por opção. O discurso “sustentabilidade” ainda não possui penetração nas periferias dos grandes centros urbanos. Talvez Eduardo Campos tenha ganhado o hoje ao preço do amanhã. Só o tempo dirá se a aliança com Marina trará resultados positivos na campanha de 2014.

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