Por Mauro Santayana
Em seu comunicado final, ao fim da reunião da semana passada, os
ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais da maioria dos países
do G-20, mandaram um recado a Washington, declarando-se “profundamente
decepcionados” com os Estados Unidos pela demora na ratificação dos acordos de
reforma do FMI, aprovados em 2010.
A reforma do Fundo Monetário internacional pretende dar maior peso aos países
emergentes na instituição, diminuindo a importância, as cotas e o poder de
decisão de nações europeias cuja economia perdeu importância relativa nos
últimos anos.
A reforma, nos moldes em que está, precisa ser aprovada pelo legislativo
dos países membros, e se encontra
travada no Congresso dos Estados Unidos, há quatro anos, embora já tenha
recebido o aval de 144 países, ou 76% do total de votos da organização.
Por causa disso, autoridades como o Presidente do G-20 financeiro, o
ministro australiano do Tesouro, Joe Hockey, e o próprio ministro brasileiro da
Fazenda, Guido Mantega, disseram que, se nos próximos meses, não se superar o
impasse, “alternativas” seriam buscadas, juridicamente, para superar o bloqueio
do Congresso dos EUA.
Não é apenas a paciência do G-20 que se está esgotando com a posição
norte-americana quanto ao FMI, mas, principalmente a do BRICS, cujos países
serão beneficiados com um aumento em seu poder de voto equivalente a 6% das
cotas da instituição, fazendo com que chegue a 14,1%, se aproximando do peso
dos próprios EUA.
Nos dias 15 e 16 de junho, logo após a Copa, os líderes do Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul, se reunirão, no Brasil, em Fortaleza, no
Ceará, para sua cúpula presidencial de 2014.
No encontro devem ser discutidos dois temas: a criação de um Banco de
Desenvolvimento para o BRICS, com um capital inicial de 50 bilhões de dólares;
e de um fundo de reservas, que, na verdade, funcionaria como um embrião de um
futuro FMI comandado pelos países emergentes, com capital também inicial de 100
bilhões de dólares.
Embora o fim dos BRICS esteja sendo cantado, há anos, em verso e prosa,
pela imprensa ocidental - e por países que não tem nenhuma condição de entrar para o grupo, como o México - o fato é
que Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, crescem na média, mais que os EUA e
a Europa; têm, juntos, um PIB de 16,2 trilhões de dólares, superior ao da Zona
do Euro; e até 2018, segundo o próprio FMI, a renda per capita de seus 3
bilhões de habitantes deve crescer 37%.
Começando como uma sigla econômica, imaginada por um economista da
Goldman Sachs, Jim O´Neill, o BRICS é, hoje, por mais que isso não agrade a
alguns, uma aliança estratégica de alcance global, que mudará a história do
mundo nos próximos anos.
Fonte: www.maurosantayana.com
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