“Os homens que criam o poder trazem uma contribuição indispensável à grandeza da Nação, mas os homens que questionam o poder trazem uma contribuição igualmente indispensável, especialmente quando o questionamento é desinteressado, pois eles determinam se usamos o poder ou se o poder nos usa.” (John F. Kennedy)
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
Militares da Democracia (série, capítulo 5/5)
MILITARES DA DEMOCRACIA
- As histórias dos militares que resistiram ao Golpe de 64, série dirigida por
Silvio Tendler em 5 episódios, exibidos na TV Brasil entre 31 de março e 4 de
abril de 2014.
Episódio 5: "A HISTÓRIA NÃO TEM PONTO FINAL..."
50 anos depois de
partir de Brasília em condições dramáticas, o corpo de João Goulart retorna a
capital da República pela mesma base aérea de onde partiu.
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Militares da Democracia (série, capítulo 4/5)
MILITARES DA DEMOCRACIA
- As histórias dos militares que resistiram ao Golpe de 64, série dirigida por
Silvio Tendler em 5 episódios, exibidos na TV Brasil entre 31 de março e 4 de
abril de 2014.
Episódio 4:
"OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER"
A resistência de
alguns setores das Forças Armadas continua mesmo depois do Golpe Militar. O
Episódio discute a resistência armada e a dita resistência política, mostrando
como alguns suboficiais subalternos foram o grande celeiro da luta armada.
Vemos, também, como o
processo de tortura, praticado desde os primeiros momentos do Golpe de Estado,
é intensificado pela Ditadura com o decorrer dos anos.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Militares da Democracia (série, capítulo 3/5)
MILITARES DA DEMOCRACIA
- As histórias dos militares que resistiram ao Golpe de 64, série dirigida por
Silvio Tendler em 5 episódios, exibidos na TV Brasil entre 31 de março e 4 de
abril de 2014.
Episódio 3: "A
HISTÓRIA DOS GOLPES MILITARES E AS HISTÓRIAS DOS MILITARES LEGALISTAS"
O 3º episódio começa
com a participação da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na II Guerra
Mundial e mostra como as diferentes forças políticas conviviam nas Forças
Armadas. O episódio expõe que antes de 1964 as Forças Armadas não eram um
monolito reacionário hegemônico.
Com a depuração das
Forças Armadas ocorrida em 1964, alguns militares continuaram a resistência
dentro e fora dos quartéis. Com isso, as famílias sofreram as consequências do
engajamento dos militares legalistas.
sábado, 20 de setembro de 2014
Arquivo Dops: Brizola alertou no rádio contra 'golpe' e 'ditadura'
Gravação feita pela polícia política carioca, que monitorava os pronunciamentos que o ex-governador do Rio Grande do Sul fazia todas as noites por meio de modesta cadeia radiofônica encabeçada pela Rádio Mayrink Veiga.
O áudio foi guardado no arquivo secreto do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da Guanabara. Pronunciamento transmitido ao vivo ocorrido provavelmente em fevereiro de 1964:
Leonel Brizola, então
deputado federal, alertou para a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil,
semanas antes da deposição de seu correligionário e cunhado João Goulart. Brizola
propunha a formação de comandos nacionalistas que ficariam conhecidos como
“grupos dos 11″ para impedir o golpe, prometendo: “Vai ter luta''.
Mas Jango, temendo
derramamento de sangue, preferiu não resistir em 1º de abril. Os golpistas
venceram e Brizola teve que ir para o exílio.
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Militares da Democracia (série, capítulo 2/5)
MILITARES DA DEMOCRACIA
- As histórias dos militares que resistiram ao Golpe de 64, série dirigida por
Silvio Tendler em 5 episódios, exibidos na TV Brasil entre 31 de março e 4 de
abril de 2014.
Episódio 2: "O
PRESIDENTE DECIDE NÃO RESISTIR"
Episódio narra o
momento em que o Presidente João Goulart se reúne com chefes militares e o
deputado Brizola, em Porto Alegre, para discutir a conveniência de resistir ao
eminente Golpe de Estado. João Goulart manda cessar todos os atos de resistência
e parte para São Borja.
O episódio discute,
ainda, sob vários pontos de vista, a validade da resistência ou não ao Golpe
Militar.
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Militares da Democracia (série, capítulo 1/5)
MILITARES DA DEMOCRACIA
- As histórias dos militares que resistiram ao Golpe de 64, série dirigida por
Silvio Tendler em 5 episódios, exibidos na TV Brasil entre 31 de março e 4 de
abril de 2014.
Episódio 1: "O
DIA DO GOLPE"
Os antecedentes do
Golpe Militar de 1964 narrados pelos que viveram os momentos de tensão
decorridos entre 31 de março e 2 de abril, quando forças armadas provenientes
de Minas Gerais se rebelaram contra o governo de João Goulart e o presidente
parte para Porto Alegre.
domingo, 14 de setembro de 2014
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
VÍDEO: 11th September - 09/11/2001 (11'09''01)
Houve outro 11 de setembro e foi em 1973 no Chile.
Onze diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas em 11 de setembro.
Essa é a brilhante contribuição de Ken Loach que traça um paralelo com um outro 11 de setembro, aquele de 1973 no Chile.
Robert Fisk: A mais nova provocação de Israel
Após arrasar Gaza, Telaviv quer construir colônia gigante de ocupação na Cisjordânia, desalojando palestinos e violando Direito internacional
Por Robert Fisk, The
Independent | Tradução Vila Vudu
Visão de mundo? Israel rouba
terras, os palestinos são roubados. Não há outra coisa para ver.
E assim mais uma fatia da terra palestina escorregou pelo ralo. Mais
uns mil acres de terra palestina roubada pelo governo de Israel – porque…
“apropriação” é roubo, não é? – e o mundo já apareceu com as desculpas de
sempre.
Os norte-americanos acharam o roubo “contraproducente” para a paz, o
que é reação bastante amena, se se considera o que os EUA diriam/fariam se o
México roubasse 1.000 acres de terra do Texas e resolvesse construir casas ali
para imigrantes mexicanos ilegais nos EUA.
Mas, não. Foi na ‘Palestina’ (país inexistente, daí as aspas simples).
E Israel conseguiu safar-se, terras roubadas e tudo, embora o roubo alcance
agora escala inusitada – foi a maior quantidade de roubo de terra em 30 anos,
desde que foi assinado o Acordo de Oslo em 1993.
O aperto de mão Rabin-Arafat, as promessas e trocas de territórios e
retiradas militares, e a determinação de deixar tudo de importante (Jerusalém,
refugiados, o direito de retorno) para o fim, até que todos confiassem tanto
uns nos outros que a coisa seria facílima… não surpreende que o mundo tenha
feito descer sobre os dois sua generosidade financeira.
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Helicoca - O helicóptero de 50 milhões de reais
Helicoca - O helicóptero de 50 milhões de reais
Diário do Centro do Mundo
Apresentação e reportagem: Joaquim de Carvalho
Direção e montagem: Alice Riff
Direção de fotografia: Otávio Dias
Supervisão: Kiko Nogueira
domingo, 7 de setembro de 2014
A democracia encolhida
A vida é turbilhão e, na azáfama de cuidar das pequenas coisas, não
nos damos conta de certos males que chegam com “pés de lã”, de mansinho. E
tanto, que sequer reparamos. Aí, quando menos esperamos lá está, instalado,
inamovível. Tarde demais! Por isso, há que estar vigilante.
Por Elaine Tavares
Outro dia vendo uma antiga palestra de Slavoj Zizek, tomei tento para
uma pergunta que ele fazia: “que está havendo com a democracia?” E apontava
para o fato de estar havendo uma perda real da substância da democracia – mesmo
a formal, liberal – dando como exemplo o governo de Berlusconi, na Itália,
autoritário e extremista. Pois aquilo me tocou: ele está certo! Por todos os
lugares, mesmo a mais chula democracia liberal vem perdendo substância.
Inclusive nos países ditos “progressistas” da América do Sul.
O que dizer da criminalização dos movimentos sociais que hoje existe
no Equador? E a perda dos direitos individuais nos EUA? E no Brasil? Como
entender a militarização estilo “robocop” no Rio de Janeiro? As UPPs? Ou a
prisão preventiva de gente que “poderia” se insurgir contra a ordem? Como
analisar o fato de que até o exército brasileiro terá uma divisão para
investigar os movimentos populares? O protesto virou ameaça? Discordar dos
governantes é caminho para as masmorras? De que sistema político estamos
falando afinal?
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
DIREITO AO PRECONCEITO
Por Iremar Bronzeado
Há no ar uma demonização impositiva, contra o preconceito.
Estabelece-se na gritaria midiática um verdadeiro dogma preconceituoso contra o
preconceito, este traço psicológico universal e inseparável da pessoa humana e,
portanto, um direito natural tão inalienável quanto o direito à vida e à busca
da felicidade. Os carrascos do preconceito começam por querer criminalizar a
quem, por exemplo, por motivos ideológicos, científicos, religiosos, ou de
simples gosto pessoal, se opõem à generalização do homossexualismo como algo
normal, bom e aceitável. Pelo andar da carruagem, daqui a pouco vão criminalizar
até quem, por não gostar de coisas azedas, se recuse a chupar limão, sob a
acusação de ser preconceituoso contra esta fruta tão saborosa e boa para a
saúde. Ora, como tudo o que é humano, também o preconceito, não deixa de ter
seu lado bom ao lado de seu lado mau, como verso e reverso de uma medalha. Ele
é abominável quando usado para ferir a dignidade da pessoa humana a partir de
características externas imutáveis do seu corpo físico ou de comportamentos
compulsivos que não agridam a boa convivência, a sustentabilidade social e a
liberdade dos outros. O homem não pode viver sem os preconceitos, pois eles são
a própria garantia da convivência social, sem a qual se inviabiliza a vida
humana. É a pré-conceituação dos membros do nosso grupo social como pessoas
civilizadas, com os mesmos costumes e princípios morais, que nos permitem sair
de casa para o trabalho em paz, sem medo de ser atacado, roubado ou
assassinado, mesmo sem termos o exato e legítimo conceito de todas as pessoas
que encontramos na rua. “O hábito não faz o monge, mas fá-lo parecer ao longe”,
diz o ditado popular.
O preconceito é também um poderoso auxiliar no aperfeiçoamento, tanto
do indivíduo quanto da sociedade. É o temor ao preconceito contra pessoas
ignorantes e analfabetas que leva as pessoas à busca do saber e da sabedoria.
Da mesma forma, o preconceito contra os desonestos induz à honestidade; o
preconceito contra as drogas incita os drogados a procurarem a cura; o
preconceito contra a homossexualidade (a homofobia) faz com que muitos homossexuais,
mesmo sem conseguir dominar a compulsão de seu desvio, procurem não agredir
acintosamente a maioria heterossexual (heterofobia), submetendo-se aos padrões
por ela estabelecidos, e tentando não impor o seu comportamento minoritário
como normal, aceitável, e mesmo, desejável.
O pior é que nessa celeuma amoral e anárquica do pós-modernismo
fascistoide, confunde-se pré-conceito com discriminação social; esta sim, uma
atitude injusta e inaceitável, condenada, tanto pelos códigos éticos e legais
das nações civilizadas, como pelos mandamentos da comunidade cristã, que
recomendam não se fazer acepção de pessoas e tratar a todos como cidadãos
iguais perante a Lei, como se irmãos fossem. Isso, porém, não pode tirar o
direito de alguém conceituar o sexo anal entre dois homens como um ato
escabroso, sujo, malcheiroso, anormal e antinatural, que marca e degrada seus
praticantes, tornando-os vítimas do justo preconceito por parte dos que vivem
na majoritária heterossexualidade. Quem tiver os seus vícios antissociais e
degradantes, que faça o sacrifício de os abandonar, ou os pratique discreta e
isoladamente, como fazem hoje os fumantes, os drogados, os cleptomaníacos. O
que não pode, o que não é aceitável, é que a maioria tenha que suportar as
acintosas provocações dos que se entregaram a vícios aviltantes e socialmente
insustentáveis. As marchas pela maconha, o desfile urbano de travestis, as
passeatas gay, agridem e constrangem os que, com o sacrifício de suas
tendências inatas, respeitam e acomodam-se aos ditames da normalidade.
Nenhuma lei, nenhuma autoridade, nenhum poder, pode tirar de qualquer
cidadão o direito de ser preconceituoso contra o que ele bem entender. O que a
lei e a ética podem vetar é a prática da discriminação, que pode ser
considerada como uma indução degenerada do preconceito.
Fonte: portal100fronteiras.com.br
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Brasil: redefinir a política externa
Ao chegar ao poder em janeiro de 2003, o governo Lula projetava, a
princípio, a perspectiva de distanciamento das diretrizes neoliberais,
executadas durante quase uma década com primor pela gestão antecessora, de
matiz oficialmente socialdemocrata.
Contudo, isto não ocorreria, não obstante o fracasso da ideologia em
todo o continente latino-americano, especialmente no México e, mais tarde, na
Argentina. O Brasil mesmo, ao aplicá-la no alvorecer dos anos 90, passou por um
dos momentos políticos mais difíceis da história republicana. A inédita
destituição de um presidente, através de desgastante processo parlamentar,
assinala bem aquele período.
Sem atentar para a própria história, os trabalhistas na presidência
decidiram manter o conservadorismo e, desta maneira, não possibilitaram
viabilizar segmentos da administração com norte progressista, a não ser na
forma de prestidigitação perante o esperançoso eleitorado.
Nesse sentido, um dos setores governamentais onde se poderia enevoar
aos olhos da opinião pública a ideologia neoliberal, fincada e aceita com
surpreendente acolhida pelo trabalhismo, seria a política externa.
Ela seria de modo ilusório o contrapeso à política econômica. À população
local, caberia a convivência com a sacrificante ortodoxia executada pelos
Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento, ao passo que restaria aos
estrangeiros o contato com a heterodoxia na prática incorpórea efetuada pelo
Ministério das Relações Exteriores de um novo país.
Como consequência da representação da imagem no exterior de um Brasil
distinto do real, haveria um reflexo interno com efeitos entorpecedores na
sociedade, notadamente na classe média: a desfocada percepção de que o país
obtinha mais e mais respeito entre as grandes potências.
A materialização disso se representaria de dois modos, via: o
exercício de uma diplomacia de caráter lúdico, voltada a transformar o Brasil
de maneira gradativa de arena esportiva regional – XV Jogos Pan-Americanos de
julho de 2007 – a mundial – Copa do Mundo de julho de 2014 e Jogos Olímpicos de
julho de 2016.
Se bem planejadas e executadas, as três competições atrairiam a
atenção de todo o globo e proporcionariam ao Brasil incremento econômico
duradouro, através do turismo, por exemplo, e publicidade positiva.
Contudo, encerradas as duas fases do percurso esportivo, o balanço não
é favorável, em vista dos altos custos e do descaso governamental com a
infraestrutura de que se poderia beneficiar a maioria da população como o
transporte ferroviário e metroviário;
Em segundo lugar, a laboração contínua destinada a obter um assento
permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Malgrado
faltarem ao país condições militares, econômicas e culturais, a aspiração
tornou-se uma obsessão. Se atingida, seria naturalmente o ápice da atuação
internacional do poder Executivo.
No entanto, as demais potências não vislumbram a necessidade de
viabilizar o pleito do governo. Na visita cancelada aos Estados Unidos, o
Brasil pretendia solicitar o apoio ao seu ingresso no Conselho de Segurança em
hipotética reforma onusiana, uma vez que Washington havia reconhecido isto a
Nova Déli em 2010.
Na recente Cúpula dos BRICS, Brasília novamente se frustrou, ao não
lograr de forma aberta a consideração dos demais membros na defesa de uma nova
composição do Conselho de Segurança, dado que há restrições atuais à ampliação
por parte de Moscou e de Pequim.
Ante o quadro, o Brasil deveria centrar-se a partir de 2015 em
iniciativas de alcance regional, onde as possibilidades de liderança lhe seriam
mais favoráveis e, destarte, lhe assegurariam melhores condições de
desenvoltura para sua projeção.
Virgílio Arraes é doutor em História das Relações Internacionais pela
Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações
Internacionais da mesma instituição.
Fonte: Correio da Cidadania
sábado, 30 de agosto de 2014
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Žižek: Liberdade, democracia e TISA
No dia 19 de junho, segundo aniversário do confinamento de Julian
Assange na embaixada equatoriana em Londres, o WikiLeaks tornou pública a
minuta secreta do anexo sobre serviços financeiros do Acordo sobre Comércio de
Serviços (TISA). Esta minuta, resultado da última rodada de discussões do TISA
realizada entre 28 de abril e 2 de maio em Genebra, abrange cinquenta países e
boa parte do comércio de serviços do mundo. Ela estabelece regras que
auxiliariam a expansão de multinacionais financeiras no interior de outras
nações através da prevenção de barreiras regulatórias. Ela proíbe, enfim, que
haja mais regulação de serviços financeiros apesar do fato do colapso
financeiro de 2007-8 ser geralmente tido como resultado justamente da falta de
regulação. Ademais, o documento ainda revela que os EUA estão particularmente
interessados em impulsionar o fluxo de dados transfronteiriço – tanto dados
financeiros quanto pessoais.
Este documento teria sido mantido na confidencialidade não apenas
durante as negociações do TISA, mas por mais outros cinco anos depois de sua
implementação efetiva. Apesar das negociações do TISA não terem sido
francamente censuradas, elas praticamente não foram mencionadas em nossa mídia
– uma marginalização e um sigilo que estão em gritante descompasso com a
histórica importância mundial de um acordo como o TISA: se implementado, ele
terá consequências globais, servindo efetivamente como uma espécie de espinha
dorsal jurídica para a reestruturação de todo o mercado mundial. O TISA irá
atar governos futuros, independemente de quem ganhar as eleições e do que os
tribunais disserem. Ele irá impor um quadro restritivo aos serviços públicos,
tanto ao promover o desenvolvimento de novos serviços, quanto protegendo outros
já existentes.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Wikileaks: EUA armaram terror do “Estado Islâmico”
Documentos vazados revelam:
Washington rejeitou proposta síria para combater grupo ultra-fundamentalista.
Pretendia usá-lo em favor de seus interesses no Oriente Médio…
Por Charles Nisz
Os Estados Unidos se recusaram a ajudar o governo da Síria a combater
grupos radicais islâmicos como a Al-Qaeda e o ISIS (Exército Islâmico do Iraque
e da Síria, que recentemente mudou de nome para Estado Islâmico). Além disso,
segundo revelações feitas pelo site Wikileaks, o governo norte-americano armou
grupos como o ISIS. Os quase 3 mil documentos sobre essa questão foram vazados
pelo site dirigido por Julian Assange em 8 de agosto.
Em 18 de fevereiro de 2010, o chefe da inteligência síria, general Ali
Mamlouk, apareceu de surpresa em uma reunião entre diplomatas norte-americanos
e Faisal a-Miqad, vice-ministro das relações exteriores da Síria. A visita de
Mamlouk foi uma decisão pessoal de Bashar al-Assad, presidente sírio, em
mostrar empenho no combate ao terrorismo e aos grupos radicais islâmicos no Oriente
Médio, assinala o documento.
domingo, 24 de agosto de 2014
sábado, 23 de agosto de 2014
60 anos da morte de Getulio Vargas
Por Léo de Almeida Neves
Faz 60 anos que o inesquecível estadista Getulio Vargas, que tanto
amou o povo brasileiro, dilacerou ele próprio seu coração com tiro certeiro na
manhã de 24 de agosto de 1954.
O sonho brasileiro de justiça social, emancipação econômica,
soberania, grandeza e ideal de transformar o país em potência mundial tem um
símbolo a ser reverenciado sempre, Getulio Dornelles Vargas.
A Revolução de 30 por ele chefiada é um divisor histórico na Pátria
brasileira, deixando para traz o Brasil arcaico, feudal, produtor de bens
primários, profundamente desigual socialmente e que não reconhecia os direitos
mais elementares da maioria da população. Ele cumpriu fielmente seus
compromissos democráticos de introduzir o voto secreto e universal, de
assegurar o direito de voto às mulheres e de criar a Justiça Eleitoral. Quanto
mais passa o tempo, agiganta-se a recordação das iniciativas pioneiras e das
realizações concretas de Getulio Vargas em prol do Brasil e da nossa gente.
Neste mês de agosto de 2014, foi lançado o 3º volume do aplaudido
livro GETULIO 1945 – 1954, do renomado historiador Lira Neto. Também foram
relançados, devidamente atualizados, os volumes 1, 2 e 3 da obra A ERA VARGAS,
do notável jornalista e escritor José Augusto Ribeiro, por iniciativa da
Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini de estudos políticos do PDT.
sábado, 16 de agosto de 2014
Brasil x México
O México tem sido utilizado pelo imperialismo norte-americano como uma espécie de aríete contra os demais países latino-americanos que buscam um caminho próprio, sem a tutela dos EUA
Por Júlio Miragaya
Brasil e México, embora separados por milhares de quilômetros, são países com muitas afinidades.
Brasileiros e Mexicanos são povos irmãos e não nos sai da lembrança a festa que os mexicanos fizeram em 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol.
Brasil e México são também os dois mais populosos países da América Latina, com 200 e 120 milhões de habitantes, respectivamente, e as duas maiores economias da região, com PIB respectivamente de 2,25 e 1,4 trilhões de dólares, representando, conjuntamente, quase 60% do PIB total latino-americano.
O México, como o Brasil, tem sua história marcada por momentos trágicos. Se aqui tivemos os portugueses massacrando milhões de indígenas e trazendo mais de 5 milhões de africanos na condição de escravos, o México vivenciou a tragédia do massacre perpetrado pelos colonizadores espanhóis, liderados por Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca e dizimou mais de 8 milhões de nativos.
Mas o que nos distingue mais fortemente da realidade mexicana talvez seja a distância física da maior potência mundial, os Estados Unidos.
A proximidade com os EUA marcou profunda e tragicamente a história mexicana. Já país independente, livre do domínio colonial espanhol, o México teve surrupiado pelos norte-americanos, entre 1837 e 1853, nada menos que 55% de seu território, ou 2,41 milhões de km², o equivalente a mais da metade da área ocupada pelos 28 países que formam a União Europeia.
De uma nação com 4,38 milhões de km², passou a pouco mais de 1,97 milhão de km².
Sucederam-se outros momentos trágicos no México: a intervenção francesa e a humilhação da imposição do Imperador Maximiliano de Habsburgo entre 1864 e 1867; a ditadura sanguinária de Porfírio Diaz entre 1876 e 1911 e a Revolução Mexicana de 1910, liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa, vitoriosa em 1917, que promoveu uma ampla reforma agrária no país, mas deixou um saldo de 1 milhão de mortos.
A partir de janeiro de 1994, iniciou-se uma nova fase, com o México passando a integrar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), juntamente com os EUA e o Canadá.
Nesse período, o México tem sido utilizado pelo imperialismo norte-americano como uma espécie de aríete contra os demais países latino-americanos que buscam um caminho próprio, sem a tutela dos EUA, tendo sido um dos maiores incentivadores da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), e que foi refutada na 4ª Cúpula das Américas, realizada em 2005 em Mar del Plata.
Recentemente, formou com países sul-americanos, que seguem a cartilha econômica liberal (Colômbia, Chile e Peru), a Aliança do Pacífico, para se contrapor à proposta brasileira de formação da União das Nações Sul-americanas (UNASUL).
O distanciamento político de Brasil e México só tem se acentuado. Nesses 20 anos, a submissão da economia mexicana aos EUA aprofundou-se intensamente. Mais de 80% de seu comércio exterior é realizado com os EUA.
Em 2009, quando a economia dos EUA caiu 2,4%, reflexo da crise iniciada em 2008, a economia mexicana despencou 6,2%.
Se compararmos o desempenho das economias brasileira e mexicana a partir de 2003, quando Lula assumiu o governo e o México aprofundou seu receituário liberal com Vicente Fox, a disparidade é gritante.
A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos enquanto a do México cresceu 30,71%.
Em 2013 o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%).
A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México.
Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais e o México apenas 3,5 milhões.
Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhões de novos empregos e o México meros 200 mil.
O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% de sua população e no México ela aumentou para 51,3%.
Não obstante o desempenho sofrível, o México é tido como o “queridinho do mercado” e o Brasil, o “patinho feio”.
O curioso é que se os elogios ao modelo neoliberal mexicano são fartos, na hora dos capitalistas investirem seus dólares, parecem preferir o Brasil, onde os investimentos estrangeiros diretos saltaram de 16,6 bilhões de dólares em 2002 para cerca de 70 bilhões em 2012, enquanto no México refluiu de 24 bilhões para 15,5 bilhões no mesmo período.
Se o modelo liberal mexicano teve um desempenho tão inferior ao modelo “intervencionista e estatizante” brasileiro, a que se devem os elogios do mercado ao modelo mexicano?
Seria um ato de má fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?
Júlio Miragaya é presidente da Codeplan-DF e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Artigo publicado originalmente em Viomundo
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Mais respeito à democracia
Um dos grandes
defensores das liberdades políticas durante a ditadura afirma: prisões de
ativistas ferem cláusula pétrea do Estado de Direito. Ministério da Justiça
continua conivente.
Por Marcelo Cerqueira
Vejo-me como no
passado, quando certas teorias do mau direito informavam, então, as sucessivas
leis de segurança nacional: a posterior mais grave que a anterior.
O conceito de
conspiração do Código de Mussolini é que animava perseguidores de então.
Antigamente, dizia-se que o alemães criavam as leis, os italianos as copiavam,
os franceses as comparavam e os espanhóis as traduziam. Assim, os portugueses.
Leia-se parte do art. 179 do antigo Código Penal Português: “Aqueles que sem
atentarem contra a segurança interior do Estado, se ajuntarem em motim ou
tumulto...” O elemento material do tipo descrito é “ajuntar-se naquele motim”,
“conjurar para aquele motim”.
Copiando o Código
Penal de Rocco (1930, na ascensão do fascismo na Itália), os autores das leis
de segurança nacional da ditadura militar ampliaram os tipos penais: a
conspiração, que no direito brasileiro ganharia o nome de “formação de quadrilha
ou bando”, era o crime que se praticava contra o Estado, então reduzido à
miserável ditadura.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
A Copa dos BRICS: Mudanças na geopolítica global
Não podemos abrir mão das relações com o resto do mundo, mas
os laços que nos ligam a Moscou, Pequim, Nova Délhi e Pretória são pilar
essencial de nossas relações externas
Por Mauro Santayana
Saímos de uma Copa do
Mundo para uma “copa” política – a Sexta Cúpula Presidencial dos Brics –, à
qual se seguirá uma reunião entre os lideres do Brics e da Unasul. Se tudo der
certo, do encontro entre líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul, sediado em Fortaleza no dia seguinte ao da final do Mundial, será
anunciada a criação do Banco do Brics e de um fundo de reservas, no valor de
US$ 150 bilhões. Será um banco de fomento, nos moldes do Banco Mundial. O fundo de reservas servirá
como embrião de uma espécie de FMI próprio, com a missão de socorrer qualquer
membro que tenha dificuldade de obter financiamento em outras instituições
multilaterais.
A reunião dos Brics
ocorre em um momento extremamente importante. A crise da Ucrânia contribuiu
para afastar do Ocidente o presidente russo, Vladimir Putin, e levou-o a
estreitar, ainda mais, seus laços com Pequim e os outros membros do grupo. Essa
nova fase de aproximação com os chineses foi sacramentada com a assinatura do
“tratado do século”, para a venda, ao longo dos próximos 30 anos, de gás russo
à China, pela respeitável quantia de US$ 400 bilhões.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
A indústria bélica brasileira e Israel
Por Alexandre Arienti Ramos
A indústria bélica brasileira nos anos de presidência petista é o tema da dissertação de mestrado em história que estamos elaborando. As investigações indicam uma forte atuação desta indústria no estabelecimento das pautas políticas para o setor, no que tem sido bem sucedida. Poucos sabem, mas nos últimos anos foram aprovadas diversas políticas de incentivo fiscal e comercial para a Indústria Bélica “nacional”. Desde 2005, esta indústria tem voz ativa na Comissão Militar da Indústria de Defesa (CMID), ligada ao ministério da Defesa, atuando por meio de seus representantes no Fórum da Indústria de Defesa (FID), subordinado à CMID.
Como resultado direto da atuação de seus porta-vozes junto ao governo, desde 2010 empresas selecionadas do setor bélico brasileiro têm uma margem de preferência de até 25% sobre o preço dos concorrentes em licitações. Em 2011, somou-se a esta preferência em licitações a isenção tributária em relação ao PIS/PASEP, COFINS e IPI. É marcante, ainda, a presença de empresas do setor bélico entre os financiadores de campanhas e partidos políticos no Brasil.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Galeano: Já pouca Palestina resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa
Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação
perpétua. Não podem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria,
as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a
eleger os seus governantes
Por Eduardo Galeano, no Sin Permisso | Tradução por Mariana
Carneiro para o Esquerda.net
Para justificar-se, o
terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo
indica que esta carnificina de Gaza, que segundo os seus autores quer acabar
com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.
Desde 1948, os
palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem sequer
respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água,
a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes.
Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está a ser
castigada. Converteu-se numa ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou
legitimamente as eleições em 2006. Algo parecido ocorreu em 1932, quando o
Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador.
Banhados em sangue, os
habitantes de El Salvador expiaram a sua má conduta e desde então viveram
submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
São filhos da impotência os rockets caseiros que os militantes do Hamas,
encurralados em Gaza, disparam com desleixada pontaria sobre as terras que
tinham sido palestinianas e que a ocupação israelita usurpou. E o desespero, à
orla da loucura suicida, é a mãe das ameaças que negam o direito à existência
de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de
extermínio está a negar, desde há muitos anos, o direito à existência da
Palestiniana. Já pouca Palestiniana resta. Pouco a pouco, Israel está a
apagá-la do mapa.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Morre uma criança por hora em Gaza, denuncia a ONG Save The Children
A organização não governamental Save the Children Fund
alertou que, nos últimos dois dias, uma criança palestina morre por hora em
Gaza. Em comunicado, a ONG pediu à comunidade internacional uma “resposta
inequívoca para deter este derramamento de sangue”
Por Esquerda.net. Artigo publicado no Clarín.
Duas semanas depois do
começo da ofensiva militar israelense, pelo menos 70 mil crianças da Faixa de
Gaza viram-se obrigadas a abandonar as suas habitações com as famílias,
assegurou a ONG, citada pela Europa Press.
Além disso, a Save de
Children Fund indicou que 116 mil é o número de crianças que necessita de
“apoio psicossocial especializado imediato” na Faixa de Gaza. Em Israel, as
crianças também sofrem com as consequências desta situação “enfrentando, no dia
a dia, o terror do lançamento de torpedos”.
A equipe da Save the
Children em Gaza está trabalhando nas zonas mais castigadas pelos ataques com o
objetivo de proporcionar ajuda médica e auxiliar as famílias deslocadas com
colchões, materiais para proteção, kits de higiene e materiais para o cuidado
dos bebés, advertindo que “o nível de necessidades é assustador”.
Os médicos alertaram
que os partos prematuros estão duplicando, assinalou a ONG. “Vimos muitos
partos prematuros como resultado do medo e dos problemas psicológicos causados
pela ofensiva militar” (israelita), explicou Yousif Al Swaiti, diretor do
hospital Al Awda com o qual trabalha a Save the Children.
A ONG informou que os
recém-nascidos são um setor muito vulnerável e assegura que a comida para os
bebês é “extremamente escassa”, o que coloca as mães numa situação de enorme
estresse.
São já 121 as crianças
mortas, em Gaza, pela ofensiva israelense. ”O número de partos prematuros
duplicou, comparado com os que havia antes da escalada de violência”,
esclareceu o médico. “Perdem-se anos de trabalho com cada explosão”, assegurou
um dos ativistas da Save the Children, David Hassell. “Nunca existirá
justificativa para o ataque a escolas e hospitais, quando muitos civis não têm
para onde ir. Nenhuma das partes deveria usar estas instalações para fins
militares”, disse.
A ONG pediu à
comunidade internacional que “responda a esta guerra contra as crianças
exercendo toda a sua influência diplomática para pôr fim imediato ao
derramamento de sangue”. “Se a comunidade internacional não atua já, a guerra
contra as crianças, em Gaza, pesará sobre as nossas consciências para sempre”,
concluiu.
* Leia mais aqui.
Tradução: António José
André
Fonte: Revista Fórum
sábado, 26 de julho de 2014
O fardo do Homem Branco
Cumplicidade com genocídio dos palestinos marca declínio do
Ocidente. E cada criança morta é um prego no caixão da velha democracia
Por Nuno Ramos de Almeida
Em 1899, os Estados
Unidos da América discutiam no Congresso a anexação das antigas colônias
espanholas que tinham lutado pela sua independência, nomeadamente as Filipinas.
Nessa altura, o poeta britânico Rudyard Kipling escreveu um poema apologético
para declarar que o facho da civilização tinha passado das mãos do Reino Unido.
“O Fardo do Homem Branco” defendia que passara a caber a Washington tratar dos
selvagens para o bem deles, sem contar com o seu agradecimento. Os nativos do
mundo tinham de ser dirigidos pelas potências ocidentais. Eram homens
inferiores, de civilizações fracas que precisavam de ouvir a voz do dono. Os
agitadores deviam ser castigados e eliminados, se necessário por meios
violentos. Os selvagens deviam ser controlados, para seu bem. Assim começava a
declaração de bondade civilizadora:
Tomai o fardo do Homem
Branco,
Enviai vossos melhores
filhos.
Ide, condenai seus
filhos ao exílio
Para servirem aos seus
cativos;
Para esperar, com
arreios
Com agitadores e
selváticos
Seus cativos, servos
obstinados,
Metade demônios,
metade crianças.
Entre o consenso dos
meios de comunicação e dos poderosos, houve um homem que não se calou. O
escritor que assinava Mark Twain, autor das As Aventuras de Huckleberry Finn,
respondeu com um artigo em plena euforia “civilizadora”, quando os poderosos
norte-americanos abriam garrafas de champanhe pela anexação das ilhas do Havaí,
de Samoa e das Filipinas, de Cuba, Porto Rico e de uma ilhota que se chama,
eloquentemente, dos Ladrões. Perante isto, Mark Twain faz uma singela proposta,
pede que se mude a bandeira nacional: que sejam negras, diz, as listas brancas,
e que umas caveiras com tíbias cruzadas substituam as estrelas e assumam a
verdadeira identidade de piratas.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Filme: Os Advogados contra a Ditadura: Por uma questão de Justiça
Com a instauração da ditadura militar através de um golpe das Forças Armadas do Brasil, no período entre 1964 e 1985, o papel dos advogados na defesa dos direitos e garantias dos cidadãos foi fundamental no confronto com a repressão, ameaças e todo tipo de restrições. "Os Advogados contra a Ditadura" propõe uma profunda reflexão sobra a época em questão, relembrando, através de depoimentos e registros de arquivos, a relevante e ativa participação dos advogados contra as imposições do autoritarismo e na luta pela liberdade.
Dirigido por Silvio Tendler, o filme faz parte do Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia.
domingo, 20 de julho de 2014
O Homem virtualizado: espanto e êxtase de uma nova era
Por Oscarino Arantes
A cada dia novas
tecnologias reinventam um cotidiano tangenciado pelo desconcerto de sua
assimilação. Inovações sucessivas que ditam seguidas mudanças reverberam em atitudes
que se furtam à abstração de valores. Sem dúvida a internet é a mais
surpreendente mudança já introduzida na humanidade e rapidamente se tornou
campo de negócios, ciência, cultura, relações sociais, política, guerra
eletrônica, espionagem, contrainformação, sabotagem, fraudes, crimes e até de
terrorismo. Se por um lado universalizou a informação, por outro, subsumiu o
sujeito a dados desse universo virtualizado. Ainda é cedo para avaliarmos todas
as consequências, porém, já podemos observar que o excesso de informações de
múltiplas fontes em permanente acréscimo, longe de possibilitar a formação de
um senso crítico indispensável à práxis do indivíduo, causa-lhe dúvida e
extasia. A quantidade não assegura qualidade e, assim, em certo sentido, o homo conectatus está desconexo.
Nas redes sociais, novas
formas de relação criam uma nova arquitetura social. Nessas redes o indivíduo projeta
uma identidade narcísica, que decompõe sua privacidade e, com isso, a
referência de sua própria individualidade. Com a avidez de se expor na rede
social, o indivíduo busca se afirmar como protagonista de um cotidiano
idealizado na presunção de popularidade. Tenta decompor sua solidão imanente
com a perpetuação do instantâneo difundido. Assim, o paradigma da relação deixa
de ser o outro, sem face, desumanizado por sua multiplicidade, e passa a ser a
própria plataforma, sob a qual o indivíduo reconstrói sua ética. Ocorre que nessa
pantomima todos se fazem protagonistas e o intercâmbio deriva para o burlesco
da intimidade compartilhada ou para frivolidades do dia a dia. Não me parece
ter sido isso que Andy Warhol pensou quando disse que "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama".
Vemos que a cada dia fica
mais difícil delimitar as fronteiras do real e do virtual. Em pouco tempo
provavelmente isso se tornará impossível. Não se trata mais de uma rede de intercâmbio
e comunicação, reprodutora de realidade, mas de uma nova forma de realidade,
que expande e redimensiona constantemente o conhecimento e desafia os modelos
de nosso próprio pensamento. Novos parâmetros recriam a linguagem e até uma
física própria, onde o referencial espaço-tempo se funde e se confunde em nosso
devir. Entre o real e o virtual não temos mais espaço para a dúvida.
O cotidiano do homem
foi invadido pelo ritmo surpreendente das inovações. Invadido e definitivamente
transformado. Não há tempo para surpresa ou ponderação, somos passageiros de um
avião perdendo altitude, sorrindo e torcendo para que alguém ainda esteja no
comando. Por toda a história humana as inovações foram introduzidas no ritmo
ditado por sua assimilação. Hoje, somos atropelados pelas inovações. Pela
primeira vez na história, a identidade transcende o indivíduo. Como nos
relacionamos e até quem somos é redefinido no universo virtual, que se torna
cada vez mais espaço vital. Sem dúvida que a internet veio pra ficar, é um
marco civilizatório de nossa era. Mas a impassividade diante de suas
consequências é algo preocupante, considerando os desafios prementes da
humanidade.
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