Por Iremar Bronzeado
Há no ar uma demonização impositiva, contra o preconceito.
Estabelece-se na gritaria midiática um verdadeiro dogma preconceituoso contra o
preconceito, este traço psicológico universal e inseparável da pessoa humana e,
portanto, um direito natural tão inalienável quanto o direito à vida e à busca
da felicidade. Os carrascos do preconceito começam por querer criminalizar a
quem, por exemplo, por motivos ideológicos, científicos, religiosos, ou de
simples gosto pessoal, se opõem à generalização do homossexualismo como algo
normal, bom e aceitável. Pelo andar da carruagem, daqui a pouco vão criminalizar
até quem, por não gostar de coisas azedas, se recuse a chupar limão, sob a
acusação de ser preconceituoso contra esta fruta tão saborosa e boa para a
saúde. Ora, como tudo o que é humano, também o preconceito, não deixa de ter
seu lado bom ao lado de seu lado mau, como verso e reverso de uma medalha. Ele
é abominável quando usado para ferir a dignidade da pessoa humana a partir de
características externas imutáveis do seu corpo físico ou de comportamentos
compulsivos que não agridam a boa convivência, a sustentabilidade social e a
liberdade dos outros. O homem não pode viver sem os preconceitos, pois eles são
a própria garantia da convivência social, sem a qual se inviabiliza a vida
humana. É a pré-conceituação dos membros do nosso grupo social como pessoas
civilizadas, com os mesmos costumes e princípios morais, que nos permitem sair
de casa para o trabalho em paz, sem medo de ser atacado, roubado ou
assassinado, mesmo sem termos o exato e legítimo conceito de todas as pessoas
que encontramos na rua. “O hábito não faz o monge, mas fá-lo parecer ao longe”,
diz o ditado popular.
O preconceito é também um poderoso auxiliar no aperfeiçoamento, tanto
do indivíduo quanto da sociedade. É o temor ao preconceito contra pessoas
ignorantes e analfabetas que leva as pessoas à busca do saber e da sabedoria.
Da mesma forma, o preconceito contra os desonestos induz à honestidade; o
preconceito contra as drogas incita os drogados a procurarem a cura; o
preconceito contra a homossexualidade (a homofobia) faz com que muitos homossexuais,
mesmo sem conseguir dominar a compulsão de seu desvio, procurem não agredir
acintosamente a maioria heterossexual (heterofobia), submetendo-se aos padrões
por ela estabelecidos, e tentando não impor o seu comportamento minoritário
como normal, aceitável, e mesmo, desejável.
O pior é que nessa celeuma amoral e anárquica do pós-modernismo
fascistoide, confunde-se pré-conceito com discriminação social; esta sim, uma
atitude injusta e inaceitável, condenada, tanto pelos códigos éticos e legais
das nações civilizadas, como pelos mandamentos da comunidade cristã, que
recomendam não se fazer acepção de pessoas e tratar a todos como cidadãos
iguais perante a Lei, como se irmãos fossem. Isso, porém, não pode tirar o
direito de alguém conceituar o sexo anal entre dois homens como um ato
escabroso, sujo, malcheiroso, anormal e antinatural, que marca e degrada seus
praticantes, tornando-os vítimas do justo preconceito por parte dos que vivem
na majoritária heterossexualidade. Quem tiver os seus vícios antissociais e
degradantes, que faça o sacrifício de os abandonar, ou os pratique discreta e
isoladamente, como fazem hoje os fumantes, os drogados, os cleptomaníacos. O
que não pode, o que não é aceitável, é que a maioria tenha que suportar as
acintosas provocações dos que se entregaram a vícios aviltantes e socialmente
insustentáveis. As marchas pela maconha, o desfile urbano de travestis, as
passeatas gay, agridem e constrangem os que, com o sacrifício de suas
tendências inatas, respeitam e acomodam-se aos ditames da normalidade.
Nenhuma lei, nenhuma autoridade, nenhum poder, pode tirar de qualquer
cidadão o direito de ser preconceituoso contra o que ele bem entender. O que a
lei e a ética podem vetar é a prática da discriminação, que pode ser
considerada como uma indução degenerada do preconceito.
Fonte: portal100fronteiras.com.br
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