Ele correspondia-se
com presidente Lincoln e colaborou, por mais de uma década, com New York
Tribune, então o maior diário do mundo
Por Renato Pompeu, em
Retrato do Brasil
O relacionamento do
próprio Karl Marx com os EUA teve início concretamente em 1851, quando Charles
Dana, editor do New Yorl Tribune – considerado na época o maior diário do
mundo, com 200 mil exemplares de circulação –, convidou-o a escrever sobre as
mudanças ocorridas na Alemanha a partir das revoluções de 1848. O convite foi
bem aceito por Marx, entre outras razões, porque ele precisava de dinheiro para
manter a família. Marx vivia exilado em Londres e, rapidamente, recorreu a seu
parceiro e amigo Friedrich Engels para realizar o trabalho. Ambos escreveram
artigos para o jornal americano por mais de uma década, explica Jams Ledbetter,
editor de Dispatches for the New York Tribune – selected journalism of Karl
Marx (Penguin Books, 2007). No total, o jornal publicou 487 textos da dupla,
350 dos quais assinados por Marx, 125 por Engels e 12 por ambos. Os artigos
tomam cerca de sete dos 50 volumes das obras de Marx e Engels – mais do que O
capital. [A relação completa está disponível no site www.marxists.org. É
possível ler alguns textos na íntegra]
Em 1864, quando já
encerrara a colaboração com o Tribune, em nome da
recém-fundada Associação Internacional dos Trabalhadores, Marx escreveu ao
então presidente americano, Abraham Lincoln, cumprimentando-o por sua reeleição
e liderança na luta antiescravista. Lincoln respondeu por meio do embaixador
americano na Inglaterra, o que teria deixado Marx exultante.
Duas décadas mais
tarde, quando ele já havia falecido, suas ideias foram divulgadas pela filha caçula,
Eleanor, a qual acompanhou Edward Aveling, seu marido, e Wilhelm Liebknecht,
veterano militante socialista, numa viagem aos EUA, a convite do Partido
Socialista dos Trabalhadores da América do Norte, composto basicamente por
alemães. Ao longo de 12 semanas eles passaram por 35 cidades, “onde se
encontraram com milhares de militantes de esquerda, feministas, socialistas e
sindicalistas e falaram em quase todas as paradas no caminho, às vezes em
quatro eventos no mesmo dia”, escreveu Mary Gabriel em Amor & Capital (Zahar,
2013). Em Chicago – cidade que vivia grande agitação política – milhares de
pessoas compareceram às palestras. “Com um discurso pronto, Tussy [apelido de
Eleanor] orientou o público a ‘jogar três bombas no meio da massa: agitação,
educação e organização’.”
Fonte: Outras Palavras
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