Por Gilvan Rocha
O ministro do
STF, Joaquim Barbosa, proferiu afirmações que causaram polêmicas. Ele disse que
no Brasil os partidos são de mentirinha. Um exagero! Para início, definamos a
natureza dos partidos. Existem ideológicos e outros fisiológicos. E o que
significa isso? Significa que alguns defendem posições em torno de idéias.
Esses, ideológicos, podem ser nazistas, reformistas, conservadores,
revolucionários... O fundamental é o seu conteúdo programático e o seu
compromisso com esse conteúdo.
Ao contrário de
partidos ideológicos, temos aqueles de natureza fisiológica. Essas agremiações
têm como propósito locupletarem-se. Vemos que, no cenário político brasileiro,
predomina o fisiologismo. Para ilustrar os nossos argumentos, recorramos ao
caso do velho MDB. Dirigido por figuras como Ulisses Guimarães e Tancredo
Neves, o MDB propunha a volta do “Estado de Direito” e a defesa dos interesses
maiores do capitalismo.
Após a abertura
democrática, houve a Assembléia Nacional Constituinte e foi proclamada uma
Constituição “Cidadã”. O MDB, agora PMDB, começou a resvalar para o
fisiologismo do senhor Orestes Quércia, e um grupo de pessoas tratou de se
desvincular desse partido para organizar um novo, com conteúdo e
compromisso ideológico. Assim nasceu o PSDB, comprometido com uma política de
perfil socialdemocrático, apesar de enveredar por caminhos próprios do
neoliberalismo.
O PC do B,
embora empunhando políticas equivocadas, social-patriotas, foi sempre um
partido ideológico. Hoje, porém, o que se vê é o fato de essa agremiação
colocar-se, cada vez mais, como fisiológica, tirando vantagens junto ao
aparelho de Estado da burguesia. O Partido dos Trabalhadores, por via do seu
“Estado Maior”, embrenhou-se no puro fisiologismo, envolvendo-se em vários e
sucessivos episódios de corrupção, destacando-se, entre eles, o mensalão.
Não obstante
predominar o fisiologismo, é inegável o fato de que alguns partidos têm nítidas
feições ideológicas, como são os casos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificados (PSTU), o Partido da Causa Operaria (PCO). Esses partidos são ilhas
de ideologia, enquanto prospera a existência de outros nitidamente amorfos e
claramente oportunistas, como é o caso do Partido Social Democrata, o PSD,
liderado pelo senhor Gilberto Kassab. A REDE de Sustentabilidade, da senhora
Marina Silva, não esconde o seu caráter gelatinoso, pois diz que não é de
esquerda, de direita, nem de centro, o que não passa de uma situação
estapafúrdia, na melhor das hipóteses.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos –
CAEP
Fonte: Correio da Cidadania
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