Diante dos
números da crescente inflação, o secretário geral da presidência, o senhor
Gilberto Carvalho, em comício da Força Sindical, em São Paulo, disse: “a
presidente Dilma é uma leoa no combate à inflação”. Dessa forma, estaremos
diante de um confronto de vida e morte entre a leoa (Dilma) e o dragão
(inflação).
Sabemos que
o combate à inflação, nesse sistema baseado na economia de mercado, exige a
tomada de medidas impopulares, dentre elas o corte nas despesas públicas, de
forma a tentar equilibrar as finanças. Outra medida seria o aumento dos juros
como forma de inibir o consumo. Essa medida não é do agrado do segmento
industrial, pois a contração do consumo redunda em menores negócios para eles.
A verdade é
que no capitalismo os governos vêem-se compelidos a se cobrirem com lençois
curtos: quando cobrem os pés, descobrem a cabeça. Essa condição é inerente
tanto ao sistema socioeconômico vigente como ao modelo político que leva a
presidente a ser, ao mesmo tempo, gestora dos negócios do capitalismo e
candidata à reeleição.
Em campanha
em busca da reeleição, a senhora Dilma tenta, a todo custo, fugir de medidas
antipopulares, como a de cortar as despesas do Estado e outros gastos. Essa
situação contraditória, entre a figura da gestora e a da candidata, nos parece
insanável. Enquanto isso, as massas trabalhadoras dão sinais de
descontentamento quando vêem os seus salários serem corroídos pelo dragão da
inflação, sem que a leoa tenha se mostrado eficaz para reverter esse quadro.
Em função
desses fatos, surgem propostas do tipo: “gatilho salarial”, instrumento já
conhecido e que consiste em determinar que quando a inflação atingir certo
percentual, automaticamente seria acionado o gatilho e se promoveriam reajustes
nos ganhos dos trabalhadores. Sabe-se que tal medida não se mostrou eficaz e
serviu para acalentar, mais ainda, o processo inflacionário, promovendo uma
verdadeira espiral, cujo binômio é: aumento salarial promove aumento dos preços
e aumento dos preços promove aumento salarial, em um círculo vicioso.
Vê-se que as
contradições do capitalismo geram situações em que os governos, preocupados em
manter seus níveis de popularidade, mostram-se impotentes em promover uma
verdadeira solução. Isso até porque soluções permanentes, dentro desse sistema
que se rege pela busca do lucro para uns poucos, é impraticável. No embate da
leoa com o dragão, a tendência é que teremos um confronto, com indícios de que
o dragão sairá vitorioso caso a leoa não tome as medidas necessárias para
conter a inflação.
Gilvan Rocha
é militante socialista e membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos.
Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com
Fonte: Correio da
Cidadania
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