“Os homens que criam o poder trazem uma contribuição indispensável à grandeza da Nação, mas os homens que questionam o poder trazem uma contribuição igualmente indispensável, especialmente quando o questionamento é desinteressado, pois eles determinam se usamos o poder ou se o poder nos usa.” (John F. Kennedy)
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
SONHO IMPOSSÍVEL
De Chico Buarque
Para o musical O Homem de La Mancha de Ruy Guerra/1972
Sonhar
Não me importa saber
Se é terrível demais
Para o musical O Homem de La Mancha de Ruy Guerra/1972
Sonhar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
A tortura implacável
Romper
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
Tocar
O inacessível chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E
amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E morrer de paixão
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar
Do impossível chão.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
2013, o ano do fim da unipolaridade
POR RAMEZ PHILIPPE MAALOUF
A construção ideológica
O corrente ano que se finda será lembrado pela comunidade
internacional como o ano em que a (ou o mito ou a ilusão da) unipolaridade dos
EUA foi extinta.
Desde sua fundação, no século XVIII, os Estados Unidos da América
(EUA), constituídos como uma “república de proprietários” (proprietários
brancos protestantes escravocratas), forjaram o mito do “destino manifesto” do
“povo eleito por Deus” (os mesmos proprietários brancos protestantes
escravocratas).
Um mito muito conveniente num momento em que combatiam a Inglaterra
para preservarem a escravidão e se apropriarem dos territórios indígenas –
expulsando e exterminando a população autóctone. Fanatismo religioso, racismo e
opressão (aos trabalhadores pobres, índios e negros africanos escravizados)
foram os elementos fundamentais do “lar dos bravos (proprietários)” e a “terra
da liberdade (dos proprietários)”, criando o primeiro Estado racial da
História.
Foi em nome da escravidão e, portanto, da propriedade que o sul do
país se colocou em armas para combater aquele que ameaçava a liberdade de
usufruir sua propriedade, isto é, de escravizar: o governo central. A revolta
liberal gerou uma guerra genocida descomunal em 1863. E os EUA levaram sua
“missão divina” ao resto do mundo: a liberdade da casta de proprietários
brancos anglo-saxões protestantes de dominar a humanidade.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Belém: terra do pão
Por Dom Demétrio Valentini
Esta dupla surpresa abriu logo um amplo espaço de projeção de expectativas, que foram se confirmando. Como o Francisco de Assis, o agora “Francisco de Roma” também se defronta com o desafio de renovar a Igreja de Cristo, e de retornar à vivência dos valores evangélicos.
Foi dentro deste contexto que São Francisco teve a idéia de celebrar o Natal reproduzindo o cenário de Belém, de onde resultou o “presépio”, que acabou entrando na tradição cristã. Hoje não se celebra o Natal, sem um presépio, por simples que seja.
Pois bem, estas circunstâncias nos chamam a atenção para conferir como vai ser este Natal, com um nome que sintetiza bem dois personagens, colocados a serviço da missão de Cristo e da Igreja, o Francisco de Assis e o Francisco de Roma.
Em vista desta sintonia de duas figuras simbolizando os mesmos valores, a Diocese de Jales elaborou sua novena propondo um “Natal com Francisco”.
O “presépio” é fácil de fazer. O mais desafiador é sintonizar com os objetivos que o novo papa vem nos propondo, com surpreendente objetividade e impressionante firmeza.
Uma iniciativa, que encontra respaldo no contexto do Natal, é a campanha contra a fome no mundo, lançada pela Cáritas, e recomendada com particular insistência pelo papa Francisco.
Assumindo esta iniciativa concreta, em tempos ainda de definição do seu pontificado, resulta clara a intenção de fazer desta campanha contra a fome a inspiração para a Igreja se voltar para a sociedade, e abraçar suas causas importantes.
A fome é expressão da necessidade mais premente de toda pessoa humana. Todos temos absoluta necessidade de comer, para viver. A fome se torna símbolo das necessidades, que precisam ser atendidas para garantir um mínimo de dignidade humana.
O bispo emérito de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, referindo-se ao debate sobre valores relativos e valores absolutos, com sua verve costumeira sentenciou: “só Deus é absoluto, e a fome!”.
Concordamos com D. Pedro, se entendemos que a fome dispensa qualquer discussão ou justificativa. Ela precisa ser atendida, e não pode esperar.
Nestes dias de Natal, nos encantamos com os gestos proféticos do papa Francisco, aproximando-se dos mendigos de Roma.
Estes gestos sinalizam o compromisso do combate à fome, que precisa ser colocado de maneira absoluta, pela Igreja e pela sociedade. Até o nome da cidade onde Jesus nasceu lembra o alimento mais necessário e mais universal.
Belém significa “terra do pão”. Que o Natal nos ensine de novo o gesto da partilha do pão, como fez Jesus, saciando as multidões.
Assim o Natal será, certamente, mais feliz, para todos!
D. Demetrio Valentini é bispo da diocese de Jales-SP.
Fonte: Correio da Cidadania
Fonte: Correio da Cidadania
domingo, 22 de dezembro de 2013
O LATIFÚNDIO MULTINACIONAL
Por Mauro Santayana
Os grandes bancos já controlam, mediante o sistema
constituído dos fabricantes de agrotóxicos, como a Monsanto, intermediários,
exportadores, importadores e compradores locais, usinas de
beneficiamento, bolsas de futuros, silos e armazéns, o mercado mundial de
alimentos. Agora, associados aos governos dos países centrais, estão avançando
sobre as terras onde ainda há áreas férteis disponíveis. Só existem dois
continentes com essa possibilidade: a África e a América do
Sul.
A China, cujo espaço territorial é quase todo árido
e fragmentado em centenas de milhões de áreas reduzidíssimas, exploradas for
famílias numerosas, está hoje à frente dessa conquista territorial
nos dois grandes continentes. Seu rival histórico, e que sofre da mesma
dificuldade geológica, o Japão, mais antigo nesse movimento, disputa as mesmas
áreas. Sobre o assunto, no que se refere à China, vale a pena conhecer o estudo
de Dambisa Moyo, Winner Take All (O vencedor leva tudo). No
caso da China não se trata só de empreendedores privados, mas de
operação conduzida pelo Estado, como controlador direto de toda a economia do
país. Muitos se preocupam com a compra, direta, de jazidas minerais pelos
chineses, mas se esquecem do mais estratégico bem da natureza, que é a terra e,
com ela, a comida. Ao juntar a agricultura à mineração (a China comprou uma
serra inteira ao Peru, uma das maiores reservas de cobre) os chineses buscam
controlar o solo rico do planeta.
Empresas multinacionais, além das organizações
chinesas e japonesas, estão adquirindo as áreas disponíveis nas margens dos
rios africanos, onde é fácil a irrigação. O mesmo ocorre na América do Sul, e
mais no Brasil, onde segundo informações oficiosas, já foram investidos 60
bilhões de dólares na compra de terras. Os chineses usam argentinos como laranjas,
para constituir firmas agropecuárias de fachada. O projeto chinês é importar
tudo o que produzir para seu próprio consumo.
Ainda agora, na discussão, entre o governo e as
Farc, na Colômbia, soube-se que lá na há titularidade regular das
terras. Bastou que o governo e os guerrilheiros se dispusessem a discutir, em
primeiro lugar, o problema da terra, para que o presidente Santos fosse
contestado pelas oligarquias, por meio do ex-presidente Uribe.
No caso da África, os compradores se entendem
diretamente com os governantes, muitos deles notórios corruptos. Os pobres não
têm como resistir aos governos e são expulsos, dando lugar a trabalhadores
chineses. No mundo neoliberal, esse movimento de ocupação estrangeira, impelido
pelo agronegócio, é a globalização do latifúndio. Se, no Brasil, não
houver uma reação forte e estratégica, seremos, súditos dos novos
donos das terras. E chegará o dia em que só as recuperaremos com sangue.
Fonte: www.maurosantayana.com
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
As consequências do declínio norte-americano
Quando enfraquecimento da potência
hegemônica torna-se nítido, abre-se período de caos geopolítico
Por Immanuek Wallerstein
Tenho sustentado há muito que o declínio dos Estados Unidos como
potência hegemônica começou por volta de 1970; e que este processo, no início
lento, precipitou-se durante a presidência de George W. Bush. Comecei a
escrever sobre o tema em 1980. À época, a reação a tal argumento, em todos os
campos políticos, foi rejeitá-lo como absurdo. Nos anos 1990, acreditava-se em
todas as faixas do espectro político que, ao contrário, os EUA tinham alcançado
o ápice de seu domínio unipolar.
No entanto, depois do estouro da bolha financeira, em 2008, a opinião
de políticos, teóricos e do público em geral começou a mudar. Hoje, uma ampla
percentagem das pessoas (embora não todas) aceita a realidade de ao menos algum
declínio relativo do poder, prestígio e influência norte-americanos. Nos EUA,
este fato é aceito com muita relutância. Políticos e teóricos rivalizam-se em
apresentar fórmulas sobre como o declínio ainda pode ser revertido. Acredito
que ele é irreversível.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Mandela: uma luz na escuridão
“Não
há iluminação em se encolher, para que os outros não se sintam inseguros,
quando estão perto de você.
Nascemos
para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em
um de nós: está em todos nós.
E
conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente, damos às outras
pessoas permissão para fazer o mesmo.
Nelson Rolihlahla Mandela
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Estados Unidos, França e Grã-Bretanha apoiavam o regime do apartheid e consideravam Mandela um terrorista
50
verdades sobre Nelson Mandela
Por Salim Lamrani (*)
As grandes potências ocidentais
opuseram-se até ao último instante à sua luta e apoiaram sempre o governo
racista de Pretória. Mas o herói da luta contra o apartheid marcou para sempre
a história da África. No crepúsculo da sua existência, Nelson Mandela passou a
ser louvado por aqueles que sempre o combateram ou o ignoraram – como por
exemplo Cavaco Silva. Eles agora choram lágrimas de crocodilo.
1. Nascido no dia 18 de julho de
1918, Nelson Rolihlahla Mandela, apelidado de Madiba, é o símbolo por
excelência da resistência à opressão e ao racismo na luta pela justiça e pela
emancipação humana.
2. Procedente de uma família de
treze filhos, Mandela foi o primeiro a estudar em uma escola metodista e a
cursar direito na Universidade de Fort Hare, a única que aceitava, então,
pessoas de cor no governo segregacionista do apartheid.
3. Em 1944, aderiu ao Congresso
Nacional Africano (ANC) e, particularmente, à sua Liga da Juventude, de
inclinação radical.
4. O apartheid, elaborado em 1948
depois da vitória do Partido Nacional Purificado, instaurava a doutrina da
superioridade da raça branca e dividia a população sul-africana em quatro
grupos distintos: os brancos (20%), os indianos (3%), os mestiços (10%) e os
negros (67%). Esse sistema segregacionista discriminava 4/5 da população do
país.
5. Foram criados
"bantustões", reservas territoriais destinadas às pessoas de cor,
para amontoar as pessoas não brancas. Assim, 80% da população tinha de viver em
13% do território nacional, muitas vezes sem recursos naturais ou industriais,
na total indigência.
domingo, 8 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
domingo, 1 de dezembro de 2013
Black Bloc
Por Lincoln Secco
A imagem de
um coronel da PM paulista agredido chocou a imprensa. Deixemos de lado o fato
estranho: numa corporação militar não é comum que justamente o oficial de
máxima patente fosse deixado sozinho em meio a manifestantes que não costumam
ser bem tratados por seus soldados.
A presidente
da República, movida pelas pesquisas de opinião, logo se declarou contra os
“vândalos”. A Folha de S. Paulo já tinha uma pesquisa pronta para revelar que
95% dos paulistanos são contra os Black blocs. Mas o mesmo jornal não explica
como a esmagadora maioria da população pode se posicionar sobre aquilo que
ninguém sabe o que é! Afinal, a grande imprensa costuma mostrar o “vandalismo”
como um ato irracional. Por que, afinal, alguém ataca caixas de banco?
Um
articulista da Folha de S. Paulo sugeriu covardemente o uso do exército contra
manifestantes! Já o governador paulista, sempre movido pelo feixe para onde
convergem suas ideias, pede que as leis sejam mais duras para agressores de
policiais. Ele sequer tem o pejo de violar o artigo 5 da Constituição. Não
somos todos iguais perante a lei? Sobre a desmilitarização da polícia nenhuma
palavra, afinal, é uma obra da ditadura tão intocável quanto os torturadores
ainda soltos por aí.
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